domingo, 26 de julho de 2009

Senti Saudades Suas


Hoje de meio dia me deu uma sensação de dia quente de verão, e que sorte a minha, o mar mora aqui na porta ao lado. Levantei, fiz de conta que estava rodeada de gente, sei lá... acho que hoje a tristeza não me pegou. Realmente, eu corri.
Fiz o que tinha que fazer, e chegou a hora. O mar me puxa mesmo que eu não esteja dentro dele. Quantos olhos me observam, e hoje em dia eu quero mais é parecer humilde. De repente esse assunto de não se ter o que não se precisa ficou bem mais interessante do que esperar ganhar sempre mais pra gastar, gastar, gastar.
Atravessei a avenida atlântica, sorrindo ao mar. A me ver, começou a ofegar, a maré novamente começou a subir. Acho que ele gosta de mim. Hoje ele estava um azul limpo, sem cinzas em cor. Eu estou completamente apaixonada.
Em detalhes, estava pisando naquelas pedras quadradas juntas, que nunca me interessei em saber o nome, e sem muita futilidade arranquei meus sapatinhos dos pés e mergulhei na textura da areia que envolveram e subiram os vãos dos meus dedos. A sensação é rejuvenescer, já que quando a areia escorre entre dedos, somos nós, envelhecendo.
Meus olhos, cada vez que encontram o mar, é um novo amor. Desde que cheguei, estou somando amores. E se ele tiver vida? Realmente ele tem milhões de vida nas suas profundezas, mas se tiver um coração como o de um ser humano?
Então, fui me aproximando não mais calma, como da ultima vez. Eu me senti estranha, como se a saudade me tomasse. Larguei minhas coisas mais longe que suas ondas pudessem alcançar, e andei rapidamente esperando logo seu toque em meus pés. De repente, de súbito, ele veio me abraçar tão ofegante que ultrapassou meus pés, veio até minhas canelas, molhou a barra da minha calça que já estava erguida e, de empolgação, atingiu minha bolsa e meus sapatinhos.
Comecei a rir, voltei rápido para levantar minhas coisas, e ele ficou dando risada da situação, e voltou pra que eu salvasse meus bens. Coloquei minha bolsa no ombro e abracei meus sapatinhos e voltei pra que ele me envolvesse novamente.
Da ultima vez, elogiei sua espuma. Hoje, ele exibia-se, estralando calmamente sua espuma branca para fazer charme, me roubar a atenção. Eu o elogiei, e ele, em suas ondas que vinham uma de lá, outra de cá, mostraram a alegria. Ao horizonte, ele brilhava o azul, lá de longe. Todas aquelas pessoas dentro dele, ele nem parecia se importar. A minha alegria, de todo o meu corpo somada, era infinita, como a imensidão daquele azul.
Hoje, realmente, ele roubou minha atenção, e agora estou pensando nele. Ontem a noite juro que pensei em acordar 5 da manha para ir assisti-lo, mas tenho medo de alguém que use de violência pra me separar dele, e ele nada poder fazer.
Eu acho que ele se lembrou daquela menina que sempre foi apaixonada por ele. Ao descer a serra do litoral eu ficava nervosa, inteiramente ansiosa. Lembro-me que minha família queria encontrar algum lugar pra descansar depois usar das suas águas pra apenas relaxar. Eu não. Eu queria o cumprimentar, como se fosse gente igual minha gente. Ele não era apenas uma enorme piscina pra fazer relaxar corpos de turistas preguiçosos que pedem tempo pro trabalho. Ele sempre foi apaixonante, me delirava. Meu corpo de criança ficava bronzeado, o sol até invejava e me marcou de pintas em cima do nariz para me castigar por amar tanto o mar. Eu amei o sol também, mas ele, muito possessivo, sempre me causou manchas.
Eu andando calmamente entre as linhas que as ondas faziam na areia, observando uns bichinhos se escondendo em vãos de areia, ninguém entendia. As pessoas me observavam andar sem pressa, sentindo o vento acariciar minha nuca, o vento que o mar mandava para me agraciar. Meus cabelos desenhavam no ar ondas como as do mar, e eu observava tudo isso sentindo o sol nas minhas costas, o qual desenhava essa sena em sombras na areia. Que momentos mágicos, não poderia sentir igual. Estou pensando seriamente em ir a algum lugar onde existam menos tijolos. O mar está triste, esses prédios estão o sufocando. Quero palmeiras mil, vento simpático e silencioso sem chocar com barulhos de carro e músicas comerciais. Não escuto direito as suas palavras. Muita música produzida pelo homem, afoga a música da natureza. Estou com saudade da natureza.

Desenhas teu Destino, Discernimento


Todo o mundo diz que o Amor não se procura, e até hoje tudo o que eu fiz foi exatamente isso; procurar. Nunca permiti que isso me pegasse de surpresa. Isso parece ridículo, apelar por escrever a um blog que com certeza não interessa a ninguém, mas já que sempre estive sozinha, e pensei sozinha, não há carência por atenção.
Chega a um momento em sua vida, enquanto jovem, que você também quer ser inspiração para uma musica, ou para um livro, talvez um filme... Se sente cansado por ter que sempre assistir histórias felizes de amor e se ver sempre de fora. Esse seria o teatro da vida que só nos envolvemos como expectadores, e nunca parte do elenco. Na maioria das vezes nos jogamos no palco, querendo ser protagonista, é aí que nos atiramos a algo que não é verdadeiro, visto que não fomos selecionados a participar. É como amar na hora que se projeta e não no momento certo.
Parece muito claro que sou adepta a desculpa “Destino”, o que realmente para muita gente é desculpa para não correr atrás. Mas na vida você precisa sempre de uma desculpa, um dia você concordará. Se você não acredita em Destino, e se jogar nos braços de quem você acredita que vale a pena lutar por, um dia você perceberá que ela não é perfeita e acreditará que ao amor deve-se Deixar Acontecer, o que significa “Destino”. E assim é a vida, como também se você ficar anos esperando e nada acontecer, você vai deixar de crer em destino e procurará respostas em suas próprias atitudes. Na verdade, na vida deve-se ter uma balança a tudo. Para mim, todas as pessoas deveriam acreditar em Destino e em si mesmas ao mesmo tempo; tudo depende de “discernimento”.
Algumas noites em claro pensando que talvez queiramos um “amor” apenas para encarar nossos problemas com menos medo, como se o fardo fosse dividido em dois. O fato de estar falando tanto em Amor não significa que esteja triste com a falta de um amor; apenas tenho me estudado e entendido qual seria a verdadeira necessidade de estar sempre “amando” algo ou alguém. Ou até mesmo possuir paixões.
Hoje, assistindo um programa de televisão, ouvi algo que me chamou a atenção. A escritora de uma coluna na revista Vogue disse: “Devemos nos apaixonar pelo menos uma vez na vida” e deixou bem claro que essa paixão não está necessariamente ligada a alguém do sexo oposto. Na verdade, tem um pouco a ver com: “Na sua vida, plante pelo menos uma árvore, escreva um livro e tenha pelo menos um bebê”.
É fato de que a carência produz ilusões na nossa mente, e muitas vezes acreditamos fervorosamente de que precisamos de um amor enquanto na verdade precisamos de tempo para nós mesmos pra que nos conheçamos e percebamos quais seriam nossas verdadeiras necessidades.
Mesmo que minhas idéias sejam um pouco confusas, eu admito que muitas vezes caio na ilusão de acreditar que preciso de alguém. É claro que preciso de pessoas, amigos e colegas, família ou animais de estimação, como ser humana. Mas será mesmo que precisamos ser protagonistas de historias de amor?
Comecei a pensar dessa forma quando a alguns meses atrás percebi que mesmo sendo tão distinta de outras mulheres da minha idade, ou até mesmo das do dobro da minha idade, jamais seria tema de música ou inspiração de poema, por que seria o mesmo que esperar flores de um descampado.
Quando me refiro aos limites que o ser humano conseguiu atingir jamais cito “Mundo”, por que o “Mundo” é algo maravilhoso que está sendo destruído pelo ser humano. Portanto evite dizer “O mundo tem instinto de destruir”, por que quem o tem somos nós. O tempo é valioso para aqueles que salvam nossa Amazônia desde os pequenos insetos e muito insignificante àqueles que decapitam nossas árvores. O conjunto de seres humanos, administradores de suas vidas pacatas e governos para mandarem em algo que na essência da verdade não é deles, para mim não podem ser chamados de macacos, nem seres menos evoluídos. O ser humano tem provado ser muito pouco para ser considerado até mesmo o mais primitivo animal.
Assisto um pouco de televisão, começo a acreditar que somos uma raça desconhecida, que, enfim, está ocupada demais e por isso nunca ninguém soube definir o amor, ninguém mais sente, se é que um dia sentiu. Willian Shakespeare talvez não conhecesse tanto do Amor assim, talvez apenas poetizasse sem grosserias o pré-ato sexual.
É ótimo ouvirmos poemas de amor e os suspiros que eles nos causam, mas hoje até eles são usados como formas de manipular com um fim lucrativo. Isso é a evolução do homem! Tempo é dinheiro, dinheiro é Deus. A classe dos seres humanos no século 21; comércios para atingir a demanda, o Sexo, o Dinheiro, a vida em luxo. É um emaranhado, falta tempo. Talvez se nos fosse concebido mais 100 anos de vida, no 199° poderíamos olhar para baixo onde durante toda nossa historia pisamos na vida nos menores e mais fracos animais, e olhar para o horizonte, dando valor a todo o verde tropical das nossas florestas somente por que ela já não estará mais lá. Já que ainda resta um pouco dela, não precisamos valorizar, ainda temos um tempo antes de vivermos enrolados em metal.
Basicamente, foi pensando nas profundezas do mundo doente que de repente os poemas já não estão mais conseguindo me fazer chorar.
Viajei 10 horas com todos os meus pertences para morar em uma selva de tijolos empilhados emaranhados com luxo, onde o oceano que beira isso é apenas um vaso azul na estante. Um brinco, um adorno. As pessoas brincam com a areia, os surfistas arranham suas ondas, mas a forma que ele quebra na areia, eu vi. Ele é triste, é mal tratado, e esquecido em sua imensidão. Talvez se eu estivesse esperando que algum homem me entendesse, ele não se sentiria culpado pelo mar estar triste. Talvez, acharia ridículo isso de tratar o mar como se fosse um ser vivo que pode ficar triste e chorar. Certas coisas nós guardamos pra nós, ou colocamos em blogs nunca lidos.
Num dia de sol caminhei sem pressa na areia, e busquei a mensagem que ele quis me passar, e tenho certeza que ele quis ficar perto de mim e eu perto dele, sem sentir frio. Andei, observei, fiz poemas na minha cabeça, observei o desenho da espuma, a sua calma, a transparência, até mesmo a tristeza.
Ele gostou de ser namorado, e veio ao meu encontro. Eu sentei a sua beira, mas na areia longe da margem. Em alguns instantes a maré subiu, e quando percebi, ele jogava suas ondas pequenas e calmas que vinham até meus pés, como se sentisse saudade. Senti como ele estava carente, e precisava de mim tanto quanto eu precisava dele.
Estar no meio de toda essa selva urbanizada me faz esquecer a presença da magnitude oceânica, como acontece com todos dessa cidade, é como uma epidemia que envolve todos que chegam e permanecem. É tanta futilidade a beira mar, o que me faz lembrar o que um grande amigo que mora aqui também me disse: “todos aqui fazem tipo”. Todos aqui vivem de aparência, acreditando que a aparência que escolhem é a mais bonita.
Beleza realmente é um conceito próprio.
O assunto vem mudando do inicio, e isso prova que há tanto mais a se pensar antes de querer procurar respostas em outras pessoas. Vim de tão longe pra ficar perto do mar. Estava rodeada de muito mais pessoas do que aqui, se estivesse necessitando delas, ficaria lá. Não posso me esquecer que se lá elas não me preencheram, não será aqui. Aqui, eu tenho o Mar. É de todos ao mesmo tempo em que é meu, mas é muito mais meu por que eu sei como namora-lo, e ele sabe como me namorar.

“O amor não se espera de um único homem, por que ele não saberia entregar 80 anos a uma única mulher... E não se espera de uma única mulher, por que ela jamais saberia fazer um homem feliz durante todos os dias de uma vida inteira. Por isso procuramos em tantas pessoas, sem saber que felicidade e amor são casados e encontra-los para somar a nossa vida não depende de nada além do que nós mesmos”.
Eu estou sozinha por que simplesmente não encontrei respostas em mim ainda, e pretendo encontrar em outras pessoas. Desistir de encontrar algo dentro de mim ocasiona o fato de estar sozinha e, muitas vezes, triste.
Tenho que aprender que a Felicidade mora aqui dentro. E que aqui dentro também mora o Amor.