Sacou seu violão enrustido, cor crua, madeira envernizada, de arabescos pretos lascados para alegrarem suas próximas notas. A ele sempre lembrou o velho oeste. Lembrou da melhor musica que sabia fazer surgir daquele instrumento. Olhou para seu colchão ao chão, coberto por três lençóis brancos, e lá se enrolava o corpo moreno da bela amada. Sussurrava baixinho o violão, dançando as cordas diante de seus dedos calmos, enquanto os olhos do violeiro se voltavam a sua silhueta. A janela tinha sido deixada aberta, e o vendo no final da tarde banhava o corpo daquela com o frescor da noite. De olhos fixos aos seus cabelos sendo espalhados pela cama, ele a via como sua deusa, sua inspiração. Lentamente a sereia se movia entre os mares brancos e brandos do seu leito. De pouco em pouco largava por três segundos as cordas do violão e flexionava as mãos sobre os olhos, para ter certeza que eles não estariam o enganando. Que engano seria, certo de que seria miragem. Os lençóis desciam pelas suas pernas, revelando sua pele ao sol baixinho e atrevido que a buscava através da janela.
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O violeiro sentia ciúmes do sol, inveja de seu poder de aquecer mesmo de uma imensa distancia. E o violeiro, ali direto ao seu lado, a observava sem que a fizesse sentir protegida, afagada, confortável. A morena de olhos fechados parecia sentir beijos do violeiro através do vento.
Deitou então as costas ao encosto de sua cadeira. O quarto era pequeno, papel de parede alegravam o animo. Por que não conseguia o violeiro largar do tal olhar obsessivo pelo corpo da morena sereia?
A noite caiu e a luz azul de uma lua entrou. O vento, o sol e a lua eram também obcecados pela sua seda. O branco dos lençóis com a luz da lua acinzentou-se, e a pele dela tomou-se daquele bronze de suas partes brilhantes cor de ouro. O violeiro entregava-lhe flores em forma de canções, e a pele morena lhe dava o espetáculo do brilho ao luar, ora o movimento, ora a ternura de uma intacta e imóvel imagem.
Cantou então para chegarem aos ouvidos daquela de beleza infinita. E a fez desenrolar o corpo dentre a brancura e revelar o dourado, o ouro de seu corpo nu.
Então, tornou-se em mais um louco no mundo, o Violeiro.
de Paula Morais
Deitou então as costas ao encosto de sua cadeira. O quarto era pequeno, papel de parede alegravam o animo. Por que não conseguia o violeiro largar do tal olhar obsessivo pelo corpo da morena sereia?
![](http://caminhoscruzados.files.wordpress.com/2009/06/violao.jpg)
Cantou então para chegarem aos ouvidos daquela de beleza infinita. E a fez desenrolar o corpo dentre a brancura e revelar o dourado, o ouro de seu corpo nu.
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de Paula Morais