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As extremidades das mãos tornam-se avermelhadas, bem como o nariz, que se observa então fixamente ao espelho.As orelhas, geladas, buscam esconder-se no grande cachecol verde vessie. Fixamente a observar a própria imagem, os olhos assistem a superfície dos próprios tomarem-se pela camada aquosa e refletiva que, gradualmente, brilha mais e mais. É chegado o inverno.
Escondes-te em teu quarto, desenhado em tons acinzentados da penumbra, sentado à cadeira fúnebre de capa cor chumbo, a observar as rugas do teu lençol sobre tua cama vazia. Não se pode dominar a luz da lua que entra pela porta da varanda a revelar também as rugas pelo teu rosto.
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Olhos que se assustam pelo sussurro do relógio de cordas esquecidas: meia noite.
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Passaste tua vida inteira a ler poemas milhões de vezes repetidos, aprendendo nomenclaturas e respeitando conceitos mundanos, mas teu peito sempre fechado às mensagens do mar, que por toda a vida esteve diante dos teus olhos, teus ouvidos, teu coração.
Mas agora eu te vejo. Eu consigo te ver e a luz de teu peito resplandece aberto, emocionado. Sorri para os carinhos que faz o mar, apaixonado, pela areia da praia. Vejo-te sorrir. O relógio deixa de tocar. Mais uma lágrima.
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As tuas mãos acostam-se a janela, levantando o queixo para assistir as estrelas que acabara de ver, refletidas ao mar. Em teu peito, nota que se souberes distinguir a beleza de um oceano, logo notará em tudo o que é de natureza pura e criada pelo cosmo. Se não tivesse visto isso perante a foice da morte, teria vivido esse tempo que lhe fora dado de maneira que conhecesse o que de fato lhe fora proposto pela alma. Mas deveras, tivera se esquecido de quem você é.
O menino que brinca ao mar, aquele que teu cérebro está a imaginar, foi você. Teus braços e ombros corados pela cor do sol, o que tanto você tem se negado atualmente. A luz para ti, hoje, é aquela azulada acostada em sua escrivaninha, que mira teus livros empoeirados que evocam ciscos ao ar para serem evidenciados pela frieza desta luz. Onde foi que escondeste o riso exteriorizado da criança que tivera sido? Tens te separado do que foi, como se tivera sido outra pessoa.
O menino que brinca ao mar, aquele que teu cérebro está a imaginar, foi você. Teus braços e ombros corados pela cor do sol, o que tanto você tem se negado atualmente. A luz para ti, hoje, é aquela azulada acostada em sua escrivaninha, que mira teus livros empoeirados que evocam ciscos ao ar para serem evidenciados pela frieza desta luz. Onde foi que escondeste o riso exteriorizado da criança que tivera sido? Tens te separado do que foi, como se tivera sido outra pessoa.
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Ao amor, não necessita que minha pele já padeça ao lado da tua. O sentimento tem transcendido, e mesmo que o teu sofrimento seja verdadeiro, todos nós e eles também, teremos o mesmo fim. O tempo de vida é tão único, e suficiente para que veja o teu coração. Muitas vezes é preciso fingir que nada vemos, nos assumirmos cegos superficialmente, para dar a voz ao nosso coração.