sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ama-te, a ti mesmo.

“Pulsando ao ritmo das Emoções”.
Matéria da Revista “Bons Fluídos” (Por Fany Zigband)

De todos os órgãos, talvez seja o mais temido e celebrado. Temido por ser identificado como o senhor da vida e da morte. Celebrado por simbolizar os sentimentos, em especial o Amor.
O coração é o órgão das metáforas, das canções românticas, da literatura, poesia e das artes. Mas o ritmo da vida moderna nem sempre combina com o seu. Estresse e hábitos inadequados deram a ele status de alvo das campanhas de prevenção. Esse talvez seja o preço que pagamos por vivermos desconectados de nossas emoções.
Desde que começa a bater até o momento que pára, o coração pulsa em média 2,5 milhões de vezes. Se não é a sede, como constatou a medicina, é o regente da vida. “O movimento do contração e expansão, sístole e diástole, seu ritmo, é um modelo para os seres vivos e as sociedades”, diz Osvaldo Fontes Filho, professor de filosofia da PUC-SP.
“O coração tem dois sistemas independentes de bombeamento. O átrio e o ventrículo direito bombeiam o sangue com gás carbônico, para ser oxigenado nos pulmões. O lado esquerdo bombeia o sangue oxigenado até os confins do corpo, para banhar e nutrir células, órgãos e sistemas”, aponta Ricardo Smith, professor da universidade Federal de São Paulo. O mais impressionante é que essa sofisticada obra de engenharia, que pulsa cerca de 70 vezes por minuto, funciona em um espaço equivalente ao de um punho fechado.


Leitor do "A Arte do Pensamento",

Quando se pára, para enxergar.
Você precisa levantar alto seu queixo, esticar sua cabeça. Lá, e cá, apertado entre prédios e arranha-céus, você vê o céu. Um risco de nuvem, um azul afogado, esquecido.
Vamos imaginar que, por um segundo, você se lembra quão humano você é. Seria difícil acontecer nesses dias tão caóticos, mas SIM! Ainda somos milagres. Você está vivo.

Existem outras experiências físicas, além da do Coração; confidências do nosso corpo, nossas percepções. E eu parei por um momento, dediquei ao amor próprio, alguns momentos da minha vida, para me sentir Milagrosamente Viva.
Observando pela lógica, pontos de vista já moldados por conceitos, você é uma pessoa, um ser vivo, da mesma natureza que a minha; Humana.
Mas, suponhamos que você possa criar suas próprias conclusões sobre a vida, seu corpo, ou corpo de outro ser animado. Acharia mesmo “normal” você sentir vontade de beber água e seu corpo naturalmente mover-se a outro espaço, obedecendo a seu instinto de auto-sustento?
Neste mesmo momento, eu sinto a vontade de sentir meu coração. Sentir que estou viva. E minhas mãos se elevam ao meu peito, provando não só a vivacidade do respeito que meu corpo tem pelo meu cérebro, mas também as células perceptivas de minhas mãos captam o movimento do meu corpo ao acompanhar o coração pulsar dentro de mim.
Durante toda a minha vida, nunca amei tanto a perfeição que tenho dentro do que eu vejo no espelho. As percepções que me são presenteadas quando minhas mãos tocam meus braços, diferente da sensação que me completa quando alguém amado me toca.
O momento de voltar meus olhos aos meus punhos, desenhados com o formato das veias que transparecem a minha pele clara, transcendendo evidencias de que estou tão viva; revivendo um milagre, todos os dias.
A perfeição de um sistema operacional; uma fábrica de sensações, uma empresa que visa lucros sensíveis e emocionais, um escritório que contabiliza experiências, a nostalgia. O medo, relacionado à convivência.
Quando cansa a cabeça, levamos as mãos á mesa e debruçamos ao próprio instinto.
Quando cansa o peito e os olhos cansados em lágrimas, descansa o coração, consolado na solidão, alegre, com a permissão do cérebro.
Proporciona a paz. A alegria.
O sorriso, o frio, o arrepio.
A dor invisível, sem cura.
O câncer maligno, terminal.
A criação da alma, e sua coragem.
A força das pernas.
O poder de um sonho; mais força às pernas.

Um milagre acontece cada vez que estrala o peito quando vê alguém tão lindo passar. Quando o desejo que te acompanhou no passado hoje se faz vivo, contigo. É um milagre quando assiste em você um sonho nascer. Milagre, quando recebe a ti mesmo uma prova de que, além de poder ver no teu pulso o sangue trilhar todo o teu corpo, você é capaz de amar. Você é capaz, em sua totalidade, de doar sua vida pelo que apenas seu cérebro sente. Teu corpo ama tanto sua mania de raciocinar que se entregaria completamente pelo o que essencialmente seu cérebro sentisse.

Olhe para você, você diretamente a você, sem intermediários espelhos.
Estude sua pele, seu pelo. Seu cabelo, toque suas orelhas, sinta a vida pulsar pelos seus braços. Seus ombros, pescoço.
Os fios finos que nascem na sua nuca. Belisque a barriga, e perceba a resposta das células sensitivas. Leve levemente os dedos a sua pele, encoste imperceptivelmente, e brinque com a sensibilidade dela, a engane. Toque-se sem seu corpo saber que é tocado.
A maneira de a noite cair, eleve seus olhos e a observe, faça florescer sensações e admirações pelas estrelas, deixe que o vento entre e toque o cabelo, o rosto. Contemple sua maneira de sentir.

“Contemple o milagre de ser humano, Viver. Relacione sua vida à mágica.”

Logo que um amor chegar, assista a ti mesmo amar perante teus poros. Ao primeiro toque de um amor, sentir fluir o calor do fogo abraçado com o frio do gelo deitados em sua superfície, na tua pele.
O choque de uma gota de cera a pele fria que teu corpo programou em defesa.
Por isso, então, arrepia-te, teu corpo é tua intuição, teu sentimento.
Pensa-se em alguém, teu corpo responde.
Ama-se alguém, teu corpo obedece-te.
Milagre, eu concluo.
Milagre é a forma que fomos feitos.
A perfeição.
Milagre é a nossa forma de amar.
Eterna, além da fortaleza findável: viajante de nossa trilha sanguínea evidencía através de nossos poros.

Há vida em teu corpo.
Paula Morais.