quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

P³ - Pesadelo Porto Príncipe

Seja para quem gosta de televisão, jornais ou revistas; a atenção do mundo inteiro está voltada a uma capital chamada Porto Príncipe, no Haiti.
Estima-se que um terremoto, a pouco mais de uma semana atrás, vitimou mais de 200.000 pessoas. O fato é que, já terminado o abalo sísmico, o caos estende-se até os dias de hoje.
Por uma pequena caixa de comida enlatada, as pessoas pisam umas nas outras, independente se seja em um idoso ou uma criança.
Mulheres não têm a vez. Quando a fome devora as paredes do estômago, não há educação que não seja extinta.
Também não há água. Aos feridos, não existem médicos qualificados, quem dirá remédio. Sobre este lado, há uma frieza de ignorantes que é de entristecer. O médico Brasileiro que não sabe o que fazer com o paciente, simplesmente escreve em um papel os sintomas do indivíduo e cola isso em seu peito.
Além disso, várias crianças ficaram sem seus pais depois do terremoto. As órfãs estão praticamente sozinhas, longes de seus parentes. E algumas, desconhecem que existe família a não ser os seus pais mortos. O pior de tudo isso, é que o país não autoriza que casais estrangeiros adotem e levem estas crianças para fora do Haiti. Só no Brasil, mais de 300 casais esperam resposta para adoção de uma criança Haitiana depois do terremoto, mas o responsável pela embaixada do Haiti no Brasil deixa clara a desesperança. Não acredita que seja possível. O país e sua organização baseiam-se exatamente em como ficou, ou o que restou, do palácio presidencial depois da tragédia. Um país falho, precário, e desorganizado.
Por causa da falta de recursos para a sobrevivência, muitos querem deixar o país e fazem fila no aeroporto, gritando, com seus passaportes em mãos. Os que preferiram ficar, lutam incessantemente pela sobrevivência. Necessitam de alimento, de água, mas há muito pouco, e as pessoas continuam a morrer.
Indivíduos brigam nas ruas, debaixo dos escombros de supermercados, vasculhando nos entulhos alguma comida que restara. Ao mexer nas vigas e paredes parcialmente destruídas, provocam a continuação do desabamento dos prédios, e acabam vítimas do próprio desespero.
Brigam também por pasta de dente. O cheiro dos cadáveres por baixo de tanto escombro torna impossível a respiração. A pasta é colocada debaixo do nariz. Assim, o caos não parece tão insuportável.
Quando chega um caminhão de alimento, todos são pisoteados, e é aí que entram os soldados; organizando as pessoas, as acalmando. Dizem então que sem organização a distribuição fica parada. Até retornar a ordem, ninguém recebe alimento algum.
Depois de alguns dias, outro terremoto aconteceu perto de Porto Príncipe.

Pesquisando sobre o que aconteceu, conheci um pouco mais do que era o Haiti antes de tudo isso acontecer.
Não quero parecer espírita, mas acredito em Deus.
O país já estava em caos quando o abalo aconteceu. Já haviam tropas brasileiras por lá, pacificando as pessoas, as cuidando e ensinando a viver. Muito lixo, pobreza, e desunião, faziam de um país um verdadeiro esquecido no mundo “Exemplar”. Os pobres eram esquecidos, e os ricos (os poucos) não se preocupavam com a imagem do país, ou mesmo com a própria essência dele; o povo.
Muitas pessoas incivilizadas, muita gente na cadeia, e muita gente fugindo dela também sem ninguém pra impedir.
Gente morando entre pilhas de lixo, contraindo e contaminando doenças. Muitas pessoas violentas, desordenadas, sem modelo de exemplo, sem educação.
Amo ajudar as pessoas que precisam, mas o Haiti sempre exigiu ajuda, nunca pediu.
Em um telejornal, um haitiano dizia: “vocês TÊM que ajudar a gente”.
Eu acredito que hoje é uma obrigação. Mas antes de acontecer um terremoto, eles tinham condições de ter uma vida digna, por eles mesmos. Mas, enquanto isso, eram esquecidos pelos confortáveis do palácio presidencial.
O Brasil é o país que mais ajuda o Haiti. Ontem foram mandados mais 2.000 soldados para auxiliar no comando pacífico, carregando consigo mais comida e água.

O que será que aconteceu que fez os residentes de Porto Príncipe se assustarem e repararem no caos que já estavam vivendo?
Tudo desabar só foi uma prova palpável do que simbolicamente já acontecia faz muito tempo.
Haiti é um país desabado há anos.

Talvez tudo isso tivesse que acontecer para o mundo dar realmente atenção ao que precisa; a ajuda que estava sendo suplicada.
Talvez, hoje a paz chegue mais rápido ao Haiti. Precisa 200.000 pessoas morrerem para chamar a atenção daqueles que podem ajudar um povo perdido entre ele, uma nação desunida e caótica, na ausência de amor e consciência.
Os soldados estão chegando agora para resgatar pessoas que milagrosamente ainda podem ser salvas, mas quem precisa mesmo são todos aqueles que restaram, vivos em matéria, mas mortos em sua vontade de viver.



Não deixemos que cheguemos a tal ponto que
só uma catástrofe sísmica
possa salvar o nosso país. Sejamos unidos e amemos
o que está ao nosso alcance.