terça-feira, 24 de novembro de 2009

Saturno – Francisco de Goya

Aparentemente uma cena que rasga a paz e a ciência. Aos que tem estudo e sensibilidade, algo que trás a luz do discernimento.

Hoje meus estudos foram voltados a obra de Francisco de Goya(1746-1828), pintor espanhol conhecido como “gênio isolado”. Há algum tempo assisti “Sombras de Goya”, logo anexei mais conhecimento a mim lendo esta biografia do artista:

Coleção Folha de Grandes Mestres da Pintura (Folha de São Paulo N°5)



Goya é o meu grande, o favorito.

Talvez por não ter conhecimento de tantos outros e deixar passar despercebido... mas acredito que aqui não se passe conceito de quantidade; é questão de afeição.

A feição de Goya. O semblante em seu auto-retrato era calmo, de olhos que instigam o pensamento, a si mesmo a inspiração. Ainda jovem com alegria, logo mais tarde com certo rancor. A vida de Goya foi de grande sofrimento.

Talvez me identifique com Goya por que ele também mastigou e alimentou-se de sofrimento dia após dia, a partir disso criando sua identidade, essa que lembramos hoje. Também desenhista e inconformado com a revolução francesa, a partir de 1789, produziu grandes obras em distintos períodos de vida, sendo os últimos atingidos pela surdez. A partir de 1819, Goya desiste e isola-se do sistema, refugiando-se na “Quinta del Sordo”, periferia de Madrid. Inicia então as produções de suas Pinturas Negras.

Saturno faz parte deste conjunto.

Nas pinturas de Goya enquanto novo, noto a delicadeza das pinceladas, o cuidado com os tecidos como em “A condessa de Chinchón” ou o olhar da moça em “O guarda-sol”. A revolta com a revolução mudou quase que completamente o pintor, o instigando a entregar-se em ódio em suas telas e afrescos e produzindo algumas das obras mais assustadoras da história da arte.

Isso nos faz entender o que uma sensibilidade ferida faz com o estilo de um artista. Marca uma vida entre baixos e altos e os conduzem a serem lembrados pela eternidade.

Conheça SATURNO

(1820-1823) Óleo sobre muro passado á tela. Museu do Prado, Madrid.

Saturno, deus romano dos camponeses, foi advertido pelo oráculo de que um de seus filhos tomaria seu trono. Assim ele comia todos os filhos que viesse, exceto um, que conseguiu fugir. Júpiter.

Baseado na mitologia romana, Goya pintou Saturno em uma das paredes do térreo de Quinta del Sordo.

Esta pintura foi considerada uma das mais terríveis de toda a história, em conseqüência dos fantasmas que o assombravam; a surdez, doenças, transtornos da guerra, desilusão ao renascer do absolutismo e pelo fracasso do Iluminismo na Espanha.

A INTERPRETAÇÃO

Saturno, em versão romana, indica Cronos, o deus do tempo. O que significa que o tempo se ocupa em nos devorar, principalmente a consciência (cabeça).

Nisso, alguns acreditam. Outros vêem a versão erótica em “Saturno”, como se o Deus tivesse consumido de desejo pelo corpo que, ao se notar os quadris maiores, poderia ser de uma mulher.

Finalmente a interpretação política que diz ser Fernando VII devorando seu povo.

Para mim, é como se Saturno fosse um ser humano consumindo a si mesmo ao passar dos anos, como índica a primeira opção, “Cronos”.

A obra de arte não me causa dor ou sofrimento, e sim, torna a escuridão em plena Luz. Goya sabia o que é um ser humano exposto ao poder, ao capital.

Estaremos talvez, sim, devorando a nós mesmos acreditando sermos maiores quando temos mais poder. Devorando nosso próprio sangue (o filho de Saturno) a fim de que NUNCA SESSE O NOSSO PODER (trono)

Assista a “SOMBRAS DE GOYA” afim de que entenda um verdadeiro artista.

Méritos ao Grande Gênio Goya