quinta-feira, 26 de agosto de 2010

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Fantasma

As extremidades das mãos tornam-se avermelhadas, bem como o nariz, que se observa então fixamente ao espelho.As orelhas, geladas, buscam esconder-se no grande cachecol verde vessie. Fixamente a observar a própria imagem, os olhos assistem a superfície dos próprios tomarem-se pela camada aquosa e refletiva que, gradualmente, brilha mais e mais. É chegado o inverno.

Escondes-te em teu quarto, desenhado em tons acinzentados da penumbra, sentado à cadeira fúnebre de capa cor chumbo, a observar as rugas do teu lençol sobre tua cama vazia. Não se pode dominar a luz da lua que entra pela porta da varanda a revelar também as rugas pelo teu rosto.
Assim também, não se pode dominar o tempo. Fitas o velho relógio ao canto escuro do teu quarto, lamentando-se por não ter consumido com ele há muito tempo. A primeira lágrima se joga ao desenho da tua pálpebra inferior. Sentes que seja uma lança, em direção ao peito teu.
Olhos que se assustam pelo sussurro do relógio de cordas esquecidas: meia noite.

Sucumbe aos teus joelhos, e levanta-se, caminhas em direção a janela. Enxerga as luzes da rua de baixo, refletindo sobre o paralelepípedo. Cachorros latindo para o dançar das luzes dos lampiões, que felicitam-se pela presença da brisa que vem de longe, adentro do mar. Trazem tantas mensagens. Você nunca soube escutar.
Passaste tua vida inteira a ler poemas milhões de vezes repetidos, aprendendo nomenclaturas e respeitando conceitos mundanos, mas teu peito sempre fechado às mensagens do mar, que por toda a vida esteve diante dos teus olhos, teus ouvidos, teu coração.
Mas agora eu te vejo. Eu consigo te ver e a luz de teu peito resplandece aberto, emocionado. Sorri para os carinhos que faz o mar, apaixonado, pela areia da praia. Vejo-te sorrir. O relógio deixa de tocar. Mais uma lágrima.

As tuas mãos acostam-se a janela, levantando o queixo para assistir as estrelas que acabara de ver, refletidas ao mar. Em teu peito, nota que se souberes distinguir a beleza de um oceano, logo notará em tudo o que é de natureza pura e criada pelo cosmo. Se não tivesse visto isso perante a foice da morte, teria vivido esse tempo que lhe fora dado de maneira que conhecesse o que de fato lhe fora proposto pela alma. Mas deveras, tivera se esquecido de quem você é.
O menino que brinca ao mar, aquele que teu cérebro está a imaginar, foi você. Teus braços e ombros corados pela cor do sol, o que tanto você tem se negado atualmente. A luz para ti, hoje, é aquela azulada acostada em sua escrivaninha, que mira teus livros empoeirados que evocam ciscos ao ar para serem evidenciados pela frieza desta luz. Onde foi que escondeste o riso exteriorizado da criança que tivera sido? Tens te separado do que foi, como se tivera sido outra pessoa.
Reconheço, que tua maior tristeza neste momento é o fato de que eu tenha partido. Vejo dentro de ti que não sabe que estou a te observar, que estou a te cuidar. A mexer e brincar com as cortinas, para que veja a beleza e a delicadeza do vento que a tudo acaricia sem ser notado, reconhecido. Estou dando corta ao relógio neste momento, enquanto abandona a janela e esconde-se em nossa cama. Amanhã, ele soará como novo, e você notará que o tempo é tão jovem quanto ele, que ainda muito te resta, ao tempo que existe em sua alma. Transforme-o em eterno, intensamente.

No quarto ao lado, limparei nosso velho piano e tirarei o pó dos pedais. Ao acordares amanhã, as cortinas estarão todas abertas, e o sol revelará os nossos dias mais felizes a acariciar as suas teclas. Retornará ao seu banco, e novamente tocará as suas canções mais felizes. Seu sorriso amanhã eu poderei novamente assistir.
Não sou apenas um fantasma, nem estou esperando para que a morte também o venha buscar. Sou uma fantasia, uma mágica em vestes de um anjo viajante, longe dos céus, que brinca e colore hoje o teu ânimo. Estou determinada a ver teu sorriso tão intenso quanto nunca pude enquanto em existência terrena.
Ao amor, não necessita que minha pele já padeça ao lado da tua. O sentimento tem transcendido, e mesmo que o teu sofrimento seja verdadeiro, todos nós e eles também, teremos o mesmo fim. O tempo de vida é tão único, e suficiente para que veja o teu coração. Muitas vezes é preciso fingir que nada vemos, nos assumirmos cegos superficialmente, para dar a voz ao nosso coração.

Assisto-te, hoje, nascer.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

22 Efêmero


Já era meio dia quando resolvi visitar o ar “atelienense”, com a minha mãe. Ela sairia às 13h40. Eu seria bem recebida, pensava enquanto me maquiava.
Nas escadarias do meu prédio, minha mãe lembrou-me pela 3ª vez que não era pra dar palpites furados na aula dela, com os alunos dela. Não deveria ter deixado ela saber o que pensei no momento. Mas disse que isso soa engraçado, e irônico. Ao tempo que eu ensinava desenho no ateliê, passava tardes falando à proprietária do talento absurdo de minha mãe. Até então tinha total domínio dos meus alunos, tinha deles o absoluto respeito e a autoridade máxima para “palpitar” sobre suas obras.
Mas, na minha época de professora de desenho tudo era menos burocrático e não tínhamos muitas regras diante da mesa. Não havia em volta dos alunos tanta opção de material, em compensação o lápis simples riscava alguns metros a mais de traço. O vão entre as mesas juntas do ateliê rústico insistia em manter-se semi-aberto, e causava risos às crianças dos lápis que furavam suas folhas. O sereno som ao canto do espaço ecoava Chopin, e pequenos meninos faziam flutuar suas obras sobre o ar como numa grande peça de ballet. Eles ainda me mostravam com expectativas, com respeito e esperançosos pelo ápice de meu contentamento. Eram três horas embaladas com sorrisos.

Bom, isso foi ha alguns anos atrás.

Minha mãe estacionou o carro diante da entrada do novo ateliê. Tanto mudou que nem ao mesmo endereço se encontra. Entrando, percebi muitos quadros nas paredes, tudo muito organizado e limpo. O primeiro que vi foi o quadro da moça, pintado pela minha mãe. Quando eu dava aula minha mãe trabalhava em outro ramo, em escolas, longe de ateliês, e nas paredes àquela época havia desenhos meus.
Não havia no velho ateliê um hall de entrada como há agora. A proprietária já não é a mesma. As iguarias estacionadas à entrada da minha velha e querida loja foram descartadas, e agora instrumentos de música roubam a cena.
Música; era realmente o que faltava naquela minha época de desenhista. Faltava o som real do violino, do piano, àquela grande apresentação das minhas crianças que eu assistia há anos atrás.
De fato, fui bem recebida. Novamente admirada, isso me causou sorrisos espontâneos. Entre meu braço esquerdo e meu peito eu trazia minha pasta de desenho. Alguns, inclusive, datados a tempo do velho ateliê.
O novo lugar é amplo e dividido em classes. Minha mãe agora dá aula de desenho à primeira classe à esquerda. Hoje ela teve dois pequenos alunos. O Pedro e o Luiz. Pedro; um pequeno e introspectivo aluno. Tímido, mas sagaz. Esperto no desenho, talentoso. Muita noção de perspectiva. Concluí notável a sua neutralidade e paciência para, no máximo, seus sete anos. O Luiz... bom, o Luiz tem perfil de piloto de formula um. Seus dedos são fortes e ansiosos. Sua mente é um tanto quanto negativa, e não tem paciência para tentar antes de admitir que jamais consiga. Adora e idolatra motos, venera carros. Obviamente, quem queria conhecer sobre o universo do desenho não era exatamente ele, mas seus pais.
Em respeito, não queria ensiná-los a desenhar, pois hoje este é o trabalho da minha mãe. A minha mãe, que um dia me incentivou a desenhar, me preparou para dar aula de desenho, enquanto ela se especializava em pintura.
Sentei-me ao lado dos alunos e me coloquei a observar. Ao passar do tempo ali, comecei a me entusiasmar e viver um mar de nostalgia. Inconscientemente incorporei a imagem daqueles meninos à uma classe que era minha, à alunos que eram meus, e subitamente me notei roubando o espaço de minha mãe. Notei-me dando palpites, como ela disse que não poderia. Como se sonhando, diante daquilo tudo, acordei e me levantei da cadeira. Atinei. Era hora de sair dali.
Peguei minha bolsa e a chave do carro, avisei minha mãe que iria ao centro. No caminho até o carro fui pensando comigo mesma; de fato, é tão importante pessoas que incentivem o desenho, é importante existir “Aula” de desenho, pelo menos uma vez por semana, ou duas. Ali, àquela pequena parcela, digamos, de obrigatoriedade, que se PRODUZ, que se vê a finalidade no resultado da arte, a terapia. Ali aquelas crianças estavam desenhando, literalmente, suas histórias, assim como eu fazia ha 16 anos atrás.
Entre a sala da minha mãe e a secretaria passei por uma sala intermediária. Havia outra turma de desenho, outra professora, com aproximadamente 8 alunos; crianças. O primeiro pensamento que me encontrou foi que hoje poucos adultos interessam-se pela arte, ocupam-se de trabalho ou academia, sauna, qualquer outra coisa. Ainda que acreditem ser interessante pra seus filhos, a eles não se têm nada mais do que a imagem de uma simples recreação infantil. Sem culpa, por que talvez os próprios professores atuais as relacionem como tal. Lembro-me de dar aula pra vários jovens e adultos em noites de terças e quartas-feiras.
(...)Meu momento introspectivo e analítico foi interrompido por um grito agudo, e ao me situar àquela mesa de desenho era impossível não notar tamanha desordem. Os risos não eram doces como no meu velho ateliê, risos interessados, concentrados de fato ao trabalho. Hoje, ali, ouvia risos debochados relacionados com assuntos que fugiam descaradamente do motivo pelo qual estavam ali.
Meus olhos curiosos subitamente buscaram a professora diante da sinfonia de barulho ensurdecedor, e simplesmente não consegui definir. Eram todas crianças. Só fui saber o momento que voltei pra buscar minha mãe que, de fato, era um deles.
Sentei no banco do carro, encostei minhas mãos contra o volante. Perguntei a elas se realmente um dia tiveram valor. Perguntei-me se algo delas ainda existe no coração daqueles pequenos que respiraram o ar da mesma atmosfera do velho ateliê, dos meus pequenos, daqueles olhos que brilhavam enquanto sublimavam seus limites e finalizavam uma obra diante a mim.
O espaço era quente, em tons pastéis, amendoados, diferente de hoje, que a luz entra azulada, fria, entre os corredores, envolvendo o ambiente.
Por um lado, pensei em ter me envolvido demais ao meu passado como professora por que estou sentimentalmente abalada nestes dias por problemas particulares. Mas, sozinha, me coloquei à mesma situação de hoje sem estes problemas que me incomodam, e acreditei piamente que a reação seria a mesma.
Fui atrás do que tinha que comprar e tentei esquecer, colocar a culpa em meu stress, novamente me rotular de boa e velha Paula nostálgica. E então a palavra nostalgia me lembrou o Matheus. Lembrou a Lígia e a Flora. Lembrou todos os pequenos e os não tão pequenos assim que passaram por mim.

A vida é imprevisível.
Pregou-me peças. Me fez acreditar que aqueles seres humanos seriam eternos, tão eternos quanto os momentos que passei junto deles.
De volta à porta do ateliê, a nova proprietária estava na recepção e tão calorosamente me recebeu. Algo ainda restou; ainda sou respeitada pelo meu trabalho, ainda que não seja nem um pouco acadêmica, organizada, diplomática. Mas, obviamente, sinto falta daqueles tempos onde era disputada entre ateliês. Mas fui incapaz se seguir padrões, e fui substituída.
A atual professora de desenho logo me viu (aquela que eu não consegui definir entre sua turma) e logo me vestiu de rival, colocou em mim dentes afiados e carranca. RS... Ela me olhou com muito ressentimento, como se tivesse lido meus questionamentos quanto a sua maturidade. Sorri, humildemente, para não dizer que me ofendi. Que infantilidade seria a MINHA se a tratasse mal. Aliás, se duvidasse dela iria contra a minha própria conduta. Comecei a trabalhar com o desenho industrial e artístico com 15 anos, e não gostaria que alguém duvidasse do que era capaz.
Logo vi minha mãe, que me informou que o suposto piloto de formula um, o Luiz, desistiria da aula de desenho. Observei ligarem para sua mãe, informando então a ela a conclusão de que Luiz não tem paciência para desenhar. Ali morreu um destino, um sonho talvez. Se não tivesse sido tomada essa decisão, talvez teríamos mais chances de fazer Luiz se apaixonar pelo traço, pela linha, pela sombra e luz. Mas o escondemos atrás da sombra da insuficiência.
O que é verdade? Existe mesmo o talento? O “nascer para(...)”? Existe a dificuldade? O limite? Existe a falta de paciência quando na presença de paixão? Existe falta de competência, falta de determinação, quando na presença da paixão? TALVEZ, Luiz poderia ter se tornado um apaixonado. Talvez, apenas talvez.
Enfim, hoje não mais. Há algumas horas atrás o destino de um desenhista foi mudado. Isto me faz lembrar o fato de como criança adora aula de desenho na escola, ama desenhar. Quando nos meus sete anos, todo mundo da sala adorava aula de artes. Diferente dos que aos 15 odiavam pegar no lápis. Por que será? Será que todos nascemos grandes artistas e não somos devidamente despertados? Alavancados?
Talvez hoje apenas restem os persistentes.
Imagine um mundo onde todos fossem desenhistas? Tudo seria desenhado, artístico. E se pensar em desvalorização da arte, de fato talvez o artístico se tornasse comum... Mas, me diga; qual o mal nisso? Mas também logicamente teríamos o risco de aniquilar toda a fascinação, o encanto e a mágica da capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou sentimentos. Todos seríamos românticos, e a ausência do romantismo talvez então viesse a ter valor. Realmente, pode ser arriscado.
Luiz agora vai tentar a pintura.
No jardim de infância, pra mim, aula de pintura não era tão agradável. Não sei por que eu pintava sempre mais as mãos do que o próprio papel. Adorava fita-las e contemplar a obra de arte nelas, até a professora me arrastar ao banheiro e lavá-las. Nos dias de reunião de pais, todas as lambuzas nos papéis eram entregues a eles, que faziam todos os tipos de caretas de satisfação em frente aos filhos, induzindo-os como grandes gênios da pintura acadêmica.
Gostava mesmo das aulas de massinha, e fazia famílias de um filho de cada cor. Lembro-me como as professoras ficavam fascinadas pelos alunos todos em seus lugares, concentrados e silenciosos. Isso talvez seja um grande erro da história da educação: professores aplicando a arte para livrarem-se de stress, do incomodo. Como se fosse ontem, eu me lembro de um menino que aprontava muito, e toda a vez que não se sabia mais o que fazer com ele, jogavam-no em uma carteira nos fundos da sala com um lápis e um sulfite.
O próprio giz de cera foi afetado pelas aulas de recreação. Sinceramente, não me lembro de uma vez que uma professora me ensinou como manusear um material. Eram simplesmente distribuídos por uma professora que, em segundos, se escondia atrás de um livro em sua cadeira almofadada.
Esses dias buscando na internet maneiras de expressão com diferentes tipos de materiais, encontrei um trabalho feito de giz de cera. Me emocionei com incalculável beleza. É incrível o que se consegue fazer, nada comparado a aquelas horrendas rabisqueiras penduradas nos corredores da escolinha. Obras abstratas? Claro, pros pais.
Também sinto por não existir uma educação evoluída onde a matéria de Filosofia seja aplicada à de Artes. Digo isso pois estas duas foram as de grande valia a minha vida, as que permanecem em minha alma até hoje.

Enfim, esta é a falha. Escolas nunca foram fundamentadas a evoluírem almas, e sim apenas resumirem-se a informar (parcialmente, é claro) a fim de criar nada mais do que um simples senso crítico à criança, e a capacidade de sobreviver entre a sociedade seletiva.
Talvez Luiz encontre sua alma na pintura, espero que minha mãe saiba despertá-lo. Mas, não devemos esquecer que, obviamente, arte é arte em sua totalidade, indivisível. Para mim, essencialmente, o desenho exigiu de Luiz exatamente o mesmo que exigirá a pintura, pois são de uma única natureza. Espero que minha mãe saiba discernir que é, para ela, mais uma chance idêntica à primeira, de despertar em Luiz uma razão colorida de viver.
Por outro lado, o dedicado Pedro foi prejudicado na aula de hoje. Enquanto eu estava no centro, minha mãe me contou que os dois se agrediram fisicamente, justamente pelo gênio ansioso de Luiz, que não deixava minha mãe atender às necessidades e às duvidas do outro. Então, é coerente e lógico afirmar que existe em Luiz um problema de carência. A falta de atenção e carinho pode aniquilar um gênio, sufocar todas as suas qualidades e capacidades. Eu mesma, conversando 10 minutos com ele, notei que pouco os pais lhe dão atenção, e a idéia de ter se matriculado na aula de artes pode, de fato, não ter sido dele mas de alguém que não tem tempo (ou mesmo paciência) de zelar por ele.
Isto indica que Luiz é um caso a parte. Quanto menos a pessoa tem paciência, mais paciência você precisa ter com ela, e não existe hipótese alguma de sanar a sua demanda se não com aulas particulares. Logo, o acordo na escola foi que ele tivesse aulas em um dia o qual não houvesse outro aluno. Fiquei feliz de minha mãe ter recebido essa nova chance. Contudo, não será fácil, para ambos.
Sim, também acredito que a criança pode optar pelo o que ela quer. Pode deixar as aulas para ser um grande piloto, mas é essencial que ele não saia desta com grandes ressentimentos. Olhei pros olhos dele hoje, no final da aula, e senti a maior desilusão que ele já tivera em sua ligeira vida. Estava decepcionado, se sentindo incapaz.
É essencialmente necessário, se não for possível ensiná-lo a paixão pela arte, mostrá-lo que não foi por incapacidade dele. Que ele não é nenhuma anomalia só por que Pedro consegue desenhar uma moto e ele não. Se não for possível ensiná-lo a traçar, que ensinemos então à ver a beleza do traço. À entender o fundamento das formas, das cores. A beleza num semblante. A ternura de uma paisagem. Isto sim ele levará eternamente, diferente do academicismo, que se muito tempo deixar de treinar um dia acaba se perdendo.

Chamamos isso de sensibilidade. E Luiz viverá uma vida mais significante, expressiva, e intensa, se alguém um dia lhe oferecer essa passagem para a viagem da vida em diferentes trilhos.
Várias vezes já ouvi na vida que essa natureza de “ser sensível” é nata, nasce contigo, e quem não nasce com isso jamais possuirá. Em contrapartida, já tive a sorte de ver as pessoas mais carrancas e amargas do mundo chorarem de emoção diante de uma situação que os tocou.
Todos os seres humanos possuem cérebro. Todo o cérebro possui extremidades, que exercem sua função. Algumas pessoas desenvolvem um lado do cérebro mais do que o outro, mas jamais ao ponto de anular a outra parte. Isso indica que, por mais difícil que seja despertar uma pessoa, sempre teremos uma possibilidade; mesmo que mínima, jamais será nula.
Gosto de pensar que todo o ser humano “insensível”, antes de morrer, encontra a face da sensibilidade em um momento derradeiro. Se não longe, perto da morte.
Seja durante uma peça de teatro, um sorriso de um idoso, um saltar de um grilo, o dançar das flores no vento da primavera, ou segurar nos braços o primeiro filho.


São momentos, imagens, cheiros, que, ao serem entregues aos nossos sentidos, nosso corpo responde imediatamente. Enchem-nos de lágrimas, nos presenteiam de vida, amor, e contento pleno, absoluto.
Senti quando observei pela primeira vez as obras cósmicas de Maria Glória Dittrich. Sinto quando ouço um piano lentamente soar na atmosfera. Quando meu olhar segue o caminhar de uma joaninha ou fede-fede. Ao contemplar todas as cores da aurora da janela do meu quarto.
E enche-se o peito de luz, quando imagino a imensidão de um teatro, enquanto toca a Cavaleria Rusticana, “Intermezzo”. Aquelas tardes diante da imensidão azul do mar esperando a noite vir trazer estrelas. As próprias estrelas quando parecem conversar com a gente enquanto brilham incessantemente.
Na primavera, exatamente às quatro da tarde, a sombra das flamboiãs desenhadas na calçada vermelha dos fundos da casa da minha avó, o som emitido pelo vento ao tocar suas folhas. A lembrança do dia 11 de janeiro de 1995, quando minha mãe me vestiu de branca de neve, e no corredor da minha antiga casa, eu notei que eu lembraria daquilo que estava vendo pro resto da minha vida. E de fato, lembro. E espero pra sempre lembrar. Como me lembro dos discos de vinil, do toca disco de vinil, que gostaria tanto de saber onde foi parar.

Como todo o texto, o livro, o poema, o verso, anseia por um fim. A tudo se necessita um final, para assim um recomeço, o renovar. Inclusive à nossa vida, para darmos espaço a outras vidas, a novas chances de viver de maneira integral, intensa. É importante aceitar um fim, mas jamais conformar-se em apenas esperar por ele.
Hoje foi outro dos dias importantes em minha vida, também espero lembrar-me dele para sempre. Aprendi a dimensão da vida. A importância dos momentos, a valorização. De momentos e pessoas.
Acredito que minha grande dificuldade seja aceitar o poder do tempo, e sua efemeridade. A dificuldade na luta por conquistar seu valor diante do que se transformou o mundo. A dificuldade de encontrar seres humanos que ainda acreditem em soluções como as que acredito.
Foi difícil aceitar-me substituída pela minha própria mãe, e por uma pessoa de 16 anos. Por outro lado, ainda me senti grande, por ter feito parte disso, ainda que em um dia que esteja cada dia mais distante do presente.
Afinal, é para isto que servimos. Para abrir caminhos, arrancar matagais, desenhar trilhas, para novas gerações, diferentes seres humanos. Se desejarmos andar sempre por trilhas já abertas, seremos eternamente seguidores e nunca dignos de gratidão de outrem e de sermos lembrados.

Paula B. Morais

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Não Elimine-se, Hommo.

Toda a matéria que é constituída através de um conceito é, obviamente, pura obra do racional, e jogo de superfície. Talvez, por limitações impostas pela sociedade cristã, que nos banira a aceitarmo-nos humanos, demasiado humanos. Sociedade que julgou o sexo, julgou o desejo, a necessidade natural do poder, do ser, do conquistar. Sociedade esta que nos impôs a eliminação do viver o instintivo e natural humano e nos ensinou a cultuar o fraco, o que à tudo renuncia sem lutar, sem experimentar-se invencível.São de nós puras e verdadeiras as interpretações através da arte, da matéria que fora manipulada ao espectador a fim de que ELE A VIVA em intensidade puramente em sua intocável essência, como um todo, antes de nos tornarmos Apolo e Dionísio, antes de Sócrates ter-nos assassinado a unidade harmoniosa de existir.Talvez, os primeiros etimologistas tenham igualmente sido assassinos, criando a "consciente" racionalidade. Julgando matérias e espiritualismo, bem pagos pela alta sociedade, adoradores socráticos ou cristãos. Conceituando a vida como querendo ser Deus, mascarando nossa verdade, unica e indivisível. Quem dera aceitarmo-nos, finalmente, como Humanos, que, por natureza, vívidos de desejos, e possessivos, ansiosos pelo poder. Temos sido aniquilados pelas regras das atuais religiões, que tanto cultuam o isolamento do próprio plano carnal e existencial, que nos obriga a oprimir nosso próprio instinto, a naturalidade e pureza do nascer dos desejos, das vontades, do que nos é tido como essência. Se não tivessem sido mortos os deuses da grécia antiga, ainda veríamos Deuses aos céus, sendo reverenciados por serem extremamente humanos, por terem forças e poder lutar contra os fracos, ao invés de vicia-los a terem-se como deuses por sua fraqueza. Hoje, sim, reverenciamos fracos, os que deixam de lutar, os que anseiam por piedade, os que morrem por sua incapacidade. Todos os que morrem por incapacidade e abandono do instinto carnal são santos??? O que aconteceu com nossos valores?Vênus fora punida pelo cristianismo por amar demais? Por ser demasiada instintiva e seduzir Marte com seu corpo nú? Quem deturpara o sexo de tal forma? Por que bispos e cardeais, sociedades e tabus dividiram sexo do amor? Hoje os próprios são usuários dos prazeres que eles mesmos julgaram como pecados!!!Seria de todo o "pecado" e maldade acreditar no triunfo de uma luta? Ao invés disso, fazem-nos engolir que reverenciemos fracos. Assim, eles se tornam julgadores dos fortes, e prevalecidos, esmolando eternamente a admiração.Se não fosse pelo vício das religiões, cristãs ou niilistas, não veríamos Deus com a racionalidade de se seguir normas e tradiçoes; nao adotaríamos legislações perante a tal criatura que é obviamente intocável, por racionalidade alguma, por lei nenhuma, por superficialidade nenhuma.Claro! Pois palavras nada dizem, nada são senão códigos à tua imaginação. No entanto, até estes códigos já não te permitem ir muito longe por causa de tantos limites que impõe a organização racional do homem atual sobre sua mente. Mas, não permita ser consumido. Retome sua mente original, sobreviva novamente em tuas entranhas, liberte-se.Então, pois, aceite-se homem. Una tua razão e capacidade de julgar e dilacere, e queime. Atenue então, arduamente, tua maior e majestosa capacidade humana e natural que é interpretar, aceitar-se, e SENTIR o que tua própria natureza lhe impõe, e nunca mais aceite que lei alguma imponha-te a ser.Paula B. Morais

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Arqueologia Inventada

26/04/10
Hoje foi um dia muito importante na minha vida.
Há aproximadamente três anos atrás, perto do mar, eu tentei esculpir na areia um rosto. A cada sutil traço que tentava desenhar pra dar volume ao rosto, a areia se desfazia e destruía a feição já pronta ao seu redor. Com a certeza de que era incapacidade minha, eu nunca mais tentei esculpir na areia e nenhum outro material.
Hoje visitei minha mãe. Ela me disse que havia um trabalho de faculdade a ser feito e me chamou pra ver o material. Eram pedras, parecidas com a pomo, cortadas em colunas retangulares. No mesmo instante me veio o mesmo rosto na mente. Dei a idéia, ela disse que seria difícil.
Estendido um grande lençol na sala da casa dela, sentamos as duas pra conversar e discutir em frente às duas colunas e várias pás, facas e espátulas em mãos. Não conseguia imaginar mais nada a não ser a feição, e sem esperar que minha mãe consentisse, comecei minha obra.
Pensando no passado, nas expedições do Egito, a cada escavada na pedra, uma evidencia de um rosto se fazia. Primeiro cavei e encontrei um nariz, começando pela ponta e deslizando às laterais adentro. Logo ia se fazendo as maçãs do rosto, o vão que desce após e delimita a altura da boca. O volume do rosto, altura das sobrancelhas, os olhos, a cavidade próxima à glândula lacrimal. Então eu me fazia feliz, por que não era mais ali a areia que desfazia meu pesar pelos detalhes. Ao tempo que acendia a luz da minha alma. Como estava feliz. Poderiam se fazer mil calos nos meus dedos, e se sangrassem, talvez eu não cessasse... Faria talas aos dedos, mas não cessaria antes que eu descobrisse todo aquele rosto que tanto queria enxergar.
Tudo o que era marcado ali era eterno, ao menos que àquele momento. A ponta da espátula eu dirigi até ao limite lateral da cartilagem do nariz e tracei uma sombra intensa. Internamente, afundei até a sombra tomar por completo a cavidade. A escultura então poderia respirar se quisesse.
De pouco em pouco, eu entregava a obra às luzes do ambiente, pra que pudesse me presentear o nascimento de um artefato ser humano. Girando a peça, a luz que me mostrava aonde mais cavar, pelo quê mais buscar.
Após algumas horas, eu disse:
- Prazer; chamo-me Paula. – àquilo que eu descobri, estava pronto.
Descobri no espaço terrestre mais uma pedra em formato de existência, e dentro de mim, descobri uma nova paixão.

Escultura. Quero te explorar, quero te dar vida, amor, atenção, dedicação. Sangue, se preciso. Pulmão, se preciso.
Calos nos dedos, dores de cabeça, costas e joelhos.
Esforços do neocortex;
Noites sem sono;
Inspiração ilimitada;
Visão forçada;
Quero remodelar os limites das minhas mãos, da parte do meu cérebro que comanda minhas mãos.
Quero ser fiel ao formato real do milagre de tudo o que se faz vivo, quero basear tudo de mim na obra prima do esplendor natureza; pedra, argila, mármore... de cera à madeira;
Tudo isso por que em ti descobri a luz da minha alma, o sorriso do tempo em frente aos olhos meus. Sou grata por ele ter me trazido até aqui, neste momento, e ter posto espátulas às minhas mãos vazias e material bruto aos meus joelhos.
Por essa alegria que me trouxeste, quero continuar e transcender. Idolatrar a arte de mim, ainda que não perfeita ao conceito social; é âmago meu!
A perfeição é individual e única, o que faz transbordar de alegria o centro da espiral : a ALMA.

Paula Morais


sexta-feira, 16 de abril de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Permitir que seus olhos recebam presentes, MILAGRES,
Todos os dias...
Nao deixar de alimentar a Alma,
Nao deixar morrer o Espírito.


Chicane
No ordinary Morning.

If there was nothing that I could say
Turned your back and you just walked away
Leaves me numb inside I think of you
Together is all I knew

We moved too fast but I had no signs
I would try to turn the hands of time
I look to you for the reason why
The love we had passed me by

And as the sun would set you would rise
Fall from the sky into paradise
Is there no light in your heart for me
You've closed your eyes you don't longer see

There were no lies between me and you
You said nothing of what you knew
But there was still something in your eyes
Left me helpless and paralysed

You could give a million reasons change the world and change thetime
Could not give me the secrets of your heart and of your mind
In the darkness that surrounds me now there is no piece of mind
Your careless words undo me, leave the thought of us behind
You could give a million reasons change the world and change thetime
Could not give me the secrets of your heart and of your mind
In the darkness that surrounds you now there is no piece ofmind
Your careless words undo me, leave the thought of us behind

terça-feira, 23 de março de 2010

Introspecto Mascarado, não mais.

Hoje se faz um mes que estou morando com o meu pai e distante em todos os sentidos da minha mãe. Esta falta que sinto me é tão útil, pra pelo menos descobrir que ainda não estou morta, e que sinto, posso sentir, na alma.
Estes momentos da nossa vida que não se consegue encontrar palavras pra definir o sentimento, ou a ausência dele. Como poderia eu pensar que o que um mero ser humano definiu com regras linguísticas poderia explicar algo sublime da sua alma?
A cada dia que se passa, eu observo mais carencia nas pessoas. De todos os tipos, da variedade que voce puder pensar em encontrar.
Mesmo que todo esse tempo tenha passado, continuei com as mesmas dúvidas sobre o ser humano. Houveram as épocas em que tudo pareceu mais simples, mas de repente tudo se comporta de maneira estranha, e abraço uma dúvida novamente.
A Carência das pessoas é obviamente pelo seu semelhante, a fim de nao se ver sozinho e isolado do resto de seus relativos seres. Dois artistas plásticos são mais felizes que um sozinho, principalmente por que um responde o outro, que, por sua vez, denota outra pergunta, e o final de tudo isso resulta em uma esplendorosa obra de arte; o ápice da razão, o âmago da sensibilidade, a essencia da pulsação: o sentido de estar vivo.
Grandes seres humanos são aqueles que podem amar o que podem tocar com semelhante facilidade. Seja como for que se apresente, todos os seres vivos, animados ou inanimados, lhes são alvos de admiração, e contemplam tudo o que podem ver de forma extremamente oposta (interior) em si mesmos. Desta forma, um ser humano como Dalai Lama vive sua vida como Deus planejou a cada um que lhe deu a oportunidade de nascer.
Deus.
Quando ao falar de Deus minha mente me leva às estrelas, ao fundo negro e absoluto por detrás delas. As cores de beleza sutil de uma floresta, úmida da primavera. Os pequenos insetos atentos a sua presença, curiosos com sua dimensão e contentes por serem encontrados. Deus também é o valor que damos às mais pequenas criaturas. Se salvamos um inseto, um cavalo ou elefante de sua morte, é Deus que agradece dentro do teu peito quando vem aquele sentimento de paz e bem estar. É o presente de valor incalculável que você obtém cada vez que faz o bem.
Apreciamos hoje pois um enxame de abelhas de uma espécie diferente, pequena, que se colocou junto ao toldo da edícula da minha casa. São tantas, e organizadas; produzem a história de suas vidas em prol de sua companhia, ao bem de seu próximo. Se tão pequenas elas já são grandes o suficiente para respeitar e amar aos semelhantes, qual será nossa dimensão? E, por quê, mesmo assim, ainda cultivamos tanto ódio e indiferença?
Não permitam ser canibais da própria alma, escavadores para própria felicidade. Somos nós mesmos que enterramos nossa alma ao passar o tempo. A solução é não é olhar sua vida. Observar, sim, adentro de suas entranhas, envolto aos teus ossos e artérias, cravado em sua superfície interna, povoa teu cérebro, teus três cérebros, e predomina ao lado direito. Você é vivo, não por que possue 5% de seu peso em sangue que te nutre de vida, e sim por que considera tudo isso um milagre.
MILAGRE, com todas as letras, somos nós.
Pecadores na Igreja católica, mas humanos na vida. Errantes, com orgulho. Provando que somos limitados, serenos ou gritantes, muitas vezes, com razão por sermos Únicos. Independente de qual o tipo de deus em ti pra te julgar, jamais julgue a ti mesmo. Orgulha-te, SER HUMANO, por ser errante e assim ter tua oportunidade de crescer intelectualmente, e tornar-te sensível.
É nosso interior que julga beleza em uma música clássica, em uma pintura e a faz tornar-se famosa. São nossos conceitos que julgam os conceitos dos outros, e somos somados uns aos outros e nunca tão impossível viver sozinho. Deixa assim a oportunidade de estar sozinho apenas em teu leito de morte.
Ainda que sozinha fisicamente, impossível é viver longe dos meus amores.
Amores de todas as formas, tudo o que é natural nesse mundo,
e aos de meu sangue, meu amor também será fiel.




sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ama-te, a ti mesmo.

“Pulsando ao ritmo das Emoções”.
Matéria da Revista “Bons Fluídos” (Por Fany Zigband)

De todos os órgãos, talvez seja o mais temido e celebrado. Temido por ser identificado como o senhor da vida e da morte. Celebrado por simbolizar os sentimentos, em especial o Amor.
O coração é o órgão das metáforas, das canções românticas, da literatura, poesia e das artes. Mas o ritmo da vida moderna nem sempre combina com o seu. Estresse e hábitos inadequados deram a ele status de alvo das campanhas de prevenção. Esse talvez seja o preço que pagamos por vivermos desconectados de nossas emoções.
Desde que começa a bater até o momento que pára, o coração pulsa em média 2,5 milhões de vezes. Se não é a sede, como constatou a medicina, é o regente da vida. “O movimento do contração e expansão, sístole e diástole, seu ritmo, é um modelo para os seres vivos e as sociedades”, diz Osvaldo Fontes Filho, professor de filosofia da PUC-SP.
“O coração tem dois sistemas independentes de bombeamento. O átrio e o ventrículo direito bombeiam o sangue com gás carbônico, para ser oxigenado nos pulmões. O lado esquerdo bombeia o sangue oxigenado até os confins do corpo, para banhar e nutrir células, órgãos e sistemas”, aponta Ricardo Smith, professor da universidade Federal de São Paulo. O mais impressionante é que essa sofisticada obra de engenharia, que pulsa cerca de 70 vezes por minuto, funciona em um espaço equivalente ao de um punho fechado.


Leitor do "A Arte do Pensamento",

Quando se pára, para enxergar.
Você precisa levantar alto seu queixo, esticar sua cabeça. Lá, e cá, apertado entre prédios e arranha-céus, você vê o céu. Um risco de nuvem, um azul afogado, esquecido.
Vamos imaginar que, por um segundo, você se lembra quão humano você é. Seria difícil acontecer nesses dias tão caóticos, mas SIM! Ainda somos milagres. Você está vivo.

Existem outras experiências físicas, além da do Coração; confidências do nosso corpo, nossas percepções. E eu parei por um momento, dediquei ao amor próprio, alguns momentos da minha vida, para me sentir Milagrosamente Viva.
Observando pela lógica, pontos de vista já moldados por conceitos, você é uma pessoa, um ser vivo, da mesma natureza que a minha; Humana.
Mas, suponhamos que você possa criar suas próprias conclusões sobre a vida, seu corpo, ou corpo de outro ser animado. Acharia mesmo “normal” você sentir vontade de beber água e seu corpo naturalmente mover-se a outro espaço, obedecendo a seu instinto de auto-sustento?
Neste mesmo momento, eu sinto a vontade de sentir meu coração. Sentir que estou viva. E minhas mãos se elevam ao meu peito, provando não só a vivacidade do respeito que meu corpo tem pelo meu cérebro, mas também as células perceptivas de minhas mãos captam o movimento do meu corpo ao acompanhar o coração pulsar dentro de mim.
Durante toda a minha vida, nunca amei tanto a perfeição que tenho dentro do que eu vejo no espelho. As percepções que me são presenteadas quando minhas mãos tocam meus braços, diferente da sensação que me completa quando alguém amado me toca.
O momento de voltar meus olhos aos meus punhos, desenhados com o formato das veias que transparecem a minha pele clara, transcendendo evidencias de que estou tão viva; revivendo um milagre, todos os dias.
A perfeição de um sistema operacional; uma fábrica de sensações, uma empresa que visa lucros sensíveis e emocionais, um escritório que contabiliza experiências, a nostalgia. O medo, relacionado à convivência.
Quando cansa a cabeça, levamos as mãos á mesa e debruçamos ao próprio instinto.
Quando cansa o peito e os olhos cansados em lágrimas, descansa o coração, consolado na solidão, alegre, com a permissão do cérebro.
Proporciona a paz. A alegria.
O sorriso, o frio, o arrepio.
A dor invisível, sem cura.
O câncer maligno, terminal.
A criação da alma, e sua coragem.
A força das pernas.
O poder de um sonho; mais força às pernas.

Um milagre acontece cada vez que estrala o peito quando vê alguém tão lindo passar. Quando o desejo que te acompanhou no passado hoje se faz vivo, contigo. É um milagre quando assiste em você um sonho nascer. Milagre, quando recebe a ti mesmo uma prova de que, além de poder ver no teu pulso o sangue trilhar todo o teu corpo, você é capaz de amar. Você é capaz, em sua totalidade, de doar sua vida pelo que apenas seu cérebro sente. Teu corpo ama tanto sua mania de raciocinar que se entregaria completamente pelo o que essencialmente seu cérebro sentisse.

Olhe para você, você diretamente a você, sem intermediários espelhos.
Estude sua pele, seu pelo. Seu cabelo, toque suas orelhas, sinta a vida pulsar pelos seus braços. Seus ombros, pescoço.
Os fios finos que nascem na sua nuca. Belisque a barriga, e perceba a resposta das células sensitivas. Leve levemente os dedos a sua pele, encoste imperceptivelmente, e brinque com a sensibilidade dela, a engane. Toque-se sem seu corpo saber que é tocado.
A maneira de a noite cair, eleve seus olhos e a observe, faça florescer sensações e admirações pelas estrelas, deixe que o vento entre e toque o cabelo, o rosto. Contemple sua maneira de sentir.

“Contemple o milagre de ser humano, Viver. Relacione sua vida à mágica.”

Logo que um amor chegar, assista a ti mesmo amar perante teus poros. Ao primeiro toque de um amor, sentir fluir o calor do fogo abraçado com o frio do gelo deitados em sua superfície, na tua pele.
O choque de uma gota de cera a pele fria que teu corpo programou em defesa.
Por isso, então, arrepia-te, teu corpo é tua intuição, teu sentimento.
Pensa-se em alguém, teu corpo responde.
Ama-se alguém, teu corpo obedece-te.
Milagre, eu concluo.
Milagre é a forma que fomos feitos.
A perfeição.
Milagre é a nossa forma de amar.
Eterna, além da fortaleza findável: viajante de nossa trilha sanguínea evidencía através de nossos poros.

Há vida em teu corpo.
Paula Morais.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Verde Vida

Ontem, durante a noite, foi tempo de meditação. Coloquei minhas plantas na sala, me enchi de vida, e vivi juntamente de Deus, intensamente.
Envoltas de música clássica, o verde da natureza veio me trazer tanta vida. Hoje, acordei alguém tão melhor! Graças à vida, ao natural que se encontra em toda a parte.
É MUITO FÁCIL SER FELIZ.




AGRADEÇO PELA VIDA, PELO AR,
PELO VERDE DAS MATAS E
TODO O AZUL DO CÉU E DO MAR!!!


"A felicidade é um estado de espírito. Se a mente ainda estiver num estado de confusão e agitação, os bens materiais ou o bem superficial e aparente nao vao lhe proporcionar felicidade. Felicidade significa paz de espírito". Dalai Lama

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O preço do Foco

E a vida lá fora continua pincelando experiências no que está vivo aqui dentro. Os dias estão passando mais rápido agora.
Estive, estes últimos dias, falando a todos que cruzavam meu caminho sobre Foco. Sobre o sonho que se tem e a importância de mentalizá-lo todos os dias de sua vida. Obviamente não há outra maneira de alcançar a resposta aos seus objetivos em vida.
Mas, tudo isso aconteceu sem que eu parasse um segundo para pensar como na teoria é diferente.
O foco custa um preço.
Todos focamos o sucesso em nosso futuro; sempre adiante. Seja ele no trabalho ou na vida pessoal. E, enquanto esse sucesso não vêm, tudo o que fazemos é pensar no amanhã, e nos prepararmos para quando ele chegar. E isso acontece enquanto acontece o hoje. E o hoje é deixado passar em branco.
Não notamos a vida passar, aquelas pessoas que cruzam nosso caminho com palavras importantes a dizer. Estamos tão obcecados por este foco que, passado um tempo, começamos a nos dar conta que estamos perdendo muita vida, deixando-a passar diante de nossos olhos. Esquecendo que, na verdade, a vida é feita de detalhes. Quanto mais detalhes observamos hoje, mais vida teremos para contar aos nossos netos; mais completa terá sido nossas vidas.
Então descobri, nestes dias, que viver observando a vida hoje é tão importante quando almejar o sucesso amanhã.
Por um momento tive medo de adoecer e morrer, algum dia. Tenho certeza que vou morrer, e não tenho medo disso. Meu receio é não ter vivido e sentido tudo o que quero sentir.
Vejo pessoas felizes na televisão, nas ruas, pelos caminhos da vida. Quero sorrir espontaneamente, sem vergonhas, como alguns fazem nas ruas de Paris ou nas comunidades do Rio de Janeiro, São Paulo...
Estive falhando comigo mesma nos últimos tempos. Decidi finalmente seguir carreira como comissária, e espero ter tempo em alguns finais de semana para me reassumir como artista. De repente eu mudei, e minha vida mudou em conseqüência disso.
As vezes eu descubro a essência de mim, simultaneamente, em momentos não esperados. Ser especial, diferente, está cada vez mais profundo. Materialismo sempre foi algo negativo depois que me tornei jovem. Mas Gosto de me sentir bonita, me maquear, me arrumar. Passo horas na frente do espelho. Quando termino e me vejo pronta, saio pelas ruas da cidade, a noite, falando sobre a beleza nas abelhas, a cultura da França ou da Espanha, os melhores pintores que meu coração admira. As pessoas me vêem como uma contradição.
Tudo isso prova que, por mais que eu me enfeite com a realidade dos outros, com o conceito beleza, nascem de dentro de mim evidencias de que aqui ainda vive uma alma.
Sempre desejei o inalcançável, esse sentimento de felicidade infinita, hoje e amanhã, e depois. Mas tudo o que consegui foi uma satisfação em alcançar hoje, e amanhã assistir brotar mais um desejo.
Muitas vezes acredito em encontrar pessoas incríveis, loucas e inconformadas com a beleza desse mundo. Quando penso nisso, imagino um homem correndo no meio de uma floresta, me mostrando a beleza de uma joaninha, empolgado com a forma nas folhagens, todas as cores da mata.
Aquela pessoa que me instiga a fazer coisas diferentes, ter uma vida repleta de experiências e lembranças inesquecíveis.
Mas esse é um ideal que diretores de cinemas escrevem em scripts para atores elegantes, a fim de não deixar as mocinhas da primeira fila do cinema desesperançadas.
Hoje de manhã acordei com o cheiro do mar, ainda que esteja tão longe dele. Sinto um imenso oceano me chamar todos os dias, me abraçar em todos esses sonhos, dormindo ou acordada. Uma linha invisível me leva pela vida, me ligando até o seu fim, e a ela está agregada cada gota desse mar que eu tanto quero estar próxima.No final das contas, assim eu me tornei. Algumas lembranças do passado, e alguns desejos direcionados ao futuro. Ainda não tenho a vida que gostaria de ter, mas tenho a oportunidade de viver meus dias, minhas horas e segundos. Tenho a caneta em minhas mãos e papel em branco.

Tudo o que eu mais quero é uma história. Estou ciente que devo começar a escrevê-la hoje, e fazer acontecer o final mais feliz que eu possa alcançar.
Eu continuo a desenhar, mas dessa vez, a minha vida. A Arte se aplica a vida, e os sonhos são caminhos pincelados em direção ao infinito.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Northern Lights - Aurora Boreal





Já que nos dias de hoje a tecnologia compra qualquer briga, isso tudo nos faz acreditar que não deixam de ser apenas efeitos de um programinha de edição de fotos.
Essa imensidão de encanto, de verdadeira beleza, existe. Sem efeitos de câmeras fotográficas ou filmadoras, a Aurora Boreal é um milagre da natureza.
Um deslumbre aos olhos dos artistas; pois parece Deus brincando com as cores na mais plena noite, pintando no céu uma mágica que nos torna criança de novo, e emociona.

Cientificamente, é um fenômeno óptico composto de um brilho observado nos céus noturnos em regiões próximas a zonas polares, em decorrência do impacto de partículas de vento solar com a alta atmosfera da Terra.

Aparecem como flashes, em filas, de várias cores. Como se dançassem no céu.
A Aurora Boreal, ventos que nos acendem a alma, enchem de luz também dentro de nós.
Fazem brincadeiras e intrigam nossa razão, alegram nossos olhos, ainda que a própria retina pareça mentir a nós mesmos, e mostrar fantasias que não existem...
Mas existem, e são LINDAS, de uma maneira real, o sentido mais puro e natural da palavra.
DESTINO. Próxima parada: Northern Lights.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

P³ - Pesadelo Porto Príncipe

Seja para quem gosta de televisão, jornais ou revistas; a atenção do mundo inteiro está voltada a uma capital chamada Porto Príncipe, no Haiti.
Estima-se que um terremoto, a pouco mais de uma semana atrás, vitimou mais de 200.000 pessoas. O fato é que, já terminado o abalo sísmico, o caos estende-se até os dias de hoje.
Por uma pequena caixa de comida enlatada, as pessoas pisam umas nas outras, independente se seja em um idoso ou uma criança.
Mulheres não têm a vez. Quando a fome devora as paredes do estômago, não há educação que não seja extinta.
Também não há água. Aos feridos, não existem médicos qualificados, quem dirá remédio. Sobre este lado, há uma frieza de ignorantes que é de entristecer. O médico Brasileiro que não sabe o que fazer com o paciente, simplesmente escreve em um papel os sintomas do indivíduo e cola isso em seu peito.
Além disso, várias crianças ficaram sem seus pais depois do terremoto. As órfãs estão praticamente sozinhas, longes de seus parentes. E algumas, desconhecem que existe família a não ser os seus pais mortos. O pior de tudo isso, é que o país não autoriza que casais estrangeiros adotem e levem estas crianças para fora do Haiti. Só no Brasil, mais de 300 casais esperam resposta para adoção de uma criança Haitiana depois do terremoto, mas o responsável pela embaixada do Haiti no Brasil deixa clara a desesperança. Não acredita que seja possível. O país e sua organização baseiam-se exatamente em como ficou, ou o que restou, do palácio presidencial depois da tragédia. Um país falho, precário, e desorganizado.
Por causa da falta de recursos para a sobrevivência, muitos querem deixar o país e fazem fila no aeroporto, gritando, com seus passaportes em mãos. Os que preferiram ficar, lutam incessantemente pela sobrevivência. Necessitam de alimento, de água, mas há muito pouco, e as pessoas continuam a morrer.
Indivíduos brigam nas ruas, debaixo dos escombros de supermercados, vasculhando nos entulhos alguma comida que restara. Ao mexer nas vigas e paredes parcialmente destruídas, provocam a continuação do desabamento dos prédios, e acabam vítimas do próprio desespero.
Brigam também por pasta de dente. O cheiro dos cadáveres por baixo de tanto escombro torna impossível a respiração. A pasta é colocada debaixo do nariz. Assim, o caos não parece tão insuportável.
Quando chega um caminhão de alimento, todos são pisoteados, e é aí que entram os soldados; organizando as pessoas, as acalmando. Dizem então que sem organização a distribuição fica parada. Até retornar a ordem, ninguém recebe alimento algum.
Depois de alguns dias, outro terremoto aconteceu perto de Porto Príncipe.

Pesquisando sobre o que aconteceu, conheci um pouco mais do que era o Haiti antes de tudo isso acontecer.
Não quero parecer espírita, mas acredito em Deus.
O país já estava em caos quando o abalo aconteceu. Já haviam tropas brasileiras por lá, pacificando as pessoas, as cuidando e ensinando a viver. Muito lixo, pobreza, e desunião, faziam de um país um verdadeiro esquecido no mundo “Exemplar”. Os pobres eram esquecidos, e os ricos (os poucos) não se preocupavam com a imagem do país, ou mesmo com a própria essência dele; o povo.
Muitas pessoas incivilizadas, muita gente na cadeia, e muita gente fugindo dela também sem ninguém pra impedir.
Gente morando entre pilhas de lixo, contraindo e contaminando doenças. Muitas pessoas violentas, desordenadas, sem modelo de exemplo, sem educação.
Amo ajudar as pessoas que precisam, mas o Haiti sempre exigiu ajuda, nunca pediu.
Em um telejornal, um haitiano dizia: “vocês TÊM que ajudar a gente”.
Eu acredito que hoje é uma obrigação. Mas antes de acontecer um terremoto, eles tinham condições de ter uma vida digna, por eles mesmos. Mas, enquanto isso, eram esquecidos pelos confortáveis do palácio presidencial.
O Brasil é o país que mais ajuda o Haiti. Ontem foram mandados mais 2.000 soldados para auxiliar no comando pacífico, carregando consigo mais comida e água.

O que será que aconteceu que fez os residentes de Porto Príncipe se assustarem e repararem no caos que já estavam vivendo?
Tudo desabar só foi uma prova palpável do que simbolicamente já acontecia faz muito tempo.
Haiti é um país desabado há anos.

Talvez tudo isso tivesse que acontecer para o mundo dar realmente atenção ao que precisa; a ajuda que estava sendo suplicada.
Talvez, hoje a paz chegue mais rápido ao Haiti. Precisa 200.000 pessoas morrerem para chamar a atenção daqueles que podem ajudar um povo perdido entre ele, uma nação desunida e caótica, na ausência de amor e consciência.
Os soldados estão chegando agora para resgatar pessoas que milagrosamente ainda podem ser salvas, mas quem precisa mesmo são todos aqueles que restaram, vivos em matéria, mas mortos em sua vontade de viver.



Não deixemos que cheguemos a tal ponto que
só uma catástrofe sísmica
possa salvar o nosso país. Sejamos unidos e amemos
o que está ao nosso alcance.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

2010 - REdescobrindo o Amor

Nos meus tempos de escola, ainda uma pequena indiazinha, adorava quando uma caneta (que eu levava pra aula sem permissão) estragava. Adorava saber sobre o seu engenho, ainda que jamais tenha entendido como aquele líquido colorido se transformava em tantas palavras. Mesmo que em minhas mãos tantas canetas estouraram, eu jamais cansei de responder por esses desafios dentro da escola.
Em 2010, eu não sou mais uma criança, e a dificuldade já não é mais uma caneta com defeito.

Vivendo a vida como é para ser vivida, ainda encontro muitas vezes dificuldades; assuntos que machucam meu ego e meu coração (ou a parte do meu cérebro que sente culpa ou saudade).
Mas, apesar de tantas as mudanças, ainda existe em mim aquela pequena menina que adorava lidar com o problema: caneta. Mesmo que não fosse isso que ela adorava, sendo o próprio prazer de se ver tendo conseguido solucionar um problema de sua, até então, vida.
Ontem eu fiz 21 anos, e hoje eu pouco uso a caneta.
Nestes tempos, devemos saber usar todos os dedos pra digitar grandes textos. Talvez não aprendemos tanto quanto aprendíamos antigamente, tendo que tornear letra por letra de um determinado assunto.
Mas, ainda, é o orgulho mundial esse tal desenvolvimento.
As crianças da escola com certeza vêem menos brilho e magia em um computador como eu via antigamente nas aulas de informática. Provavelmente por que tenham mais aulas com o computador do que eu tive, e, diferente do meu tempo de infância, hoje é cafona aquele que não tem uma máquina em casa.

Como sempre, eu, nostalgia. Mas o fato é certo: para mim, pelo menos, foi melhor.
É mania todos acreditarem que sua infância foi melhor do que a dos próximos? E aquela velha frase “ah! Se eles vivessem a minha infância...”

Mas, todas essas preliminares, para lhes dar uma boa notícia.
Enquanto me maquiava a alguns dias atrás, escutei em segundo plano algo que me trouxe luz, vindo da televisão. E ali mesmo relembrei a minha infância novamente, mas vista de uma perspectiva um tanto quanto negativa.
Na minha infância, pouco me lembro de ter visto repercutir propagandas que auxiliam a consciência ecológica. Se me disserem que a Amazônia estava menos pior, ou a camada de Ozônio, direi para não exagerar. É impossível que tenhamos entrado em Colapso em apenas 10 anos. Claro, muita coisa piorou, mas naqueles tempos já estavam muito ruins.
O que quero dizer é que nesse tempo que passou, não apenas coisas vazias foram somadas ao nosso cotidiano, mas também foram descobertos e ressaltados assuntos importantíssimos a nossa sobrevivência.
Os comerciais na mídia transformam o ato de ajudar a natureza e os animais em algo extremamente importante e bonito aos olhos. A mídia Esclarece a beleza das nossas cores, o nosso verde, o colorido de nossos bichos.
Nunca mais esquecerei o dia que percebi o estado de calamidade mundial, quando vi aquela propaganda do Green Peace, a trilha sonora de “My Way”.

Este ano aprendi a amar meu Brasil estudando um pouco sobre a história do Samba e da Bossa Nova. Esse momento de luz voltou o meu olhar ao país que moro, a visão de Jorge Ben, um país tropical ABENÇOADO por Deus.
Ainda que nossa população não seja, em sua totalidade, de alma abençoada, descobri que existe muita gente envolvida com essa paixão pelo Brasil enquanto estudava sobre nossa história.

A minha raça, a da pequena indiazinha que gostava de consertar canetas na escola, foi soterrada na região de Salvador, quando, há 500 anos, uma nova raça veio dominar minha terra paradisíaca.
Eu tinha certo preconceito com os Negros quando conversava pela internet com algum americano que deixava claro a visão que se tinha sobre o meu país: O carnaval do negro e o futebol do Pelé. Não por serem negros, mas por terem tomado a cara do meu Brasil, enquanto os verdadeiros herdeiros destes lados eram de minha árvore genealógica.
O estudo, como sempre, O SABER, me trouxe luz.
Ainda considero o Índio com a cara do Brasil, mas houvera espaço também ao Samba e a tão querida a mim, a Bossa Nova.
Tanta cultura guarda esse país.
O lado bonito da nossa história deveria animar toda essa gente a salvar não só o nosso pedaço de terra, e sim formar uma corrente do bem e salvar o planeta em decadência humana e física.

É humano ajudar os animais, e logicamente Bonito.
A parte da mídia que insinua a todo o ser humano de salvar o que é patrimônio nosso é bonita.
Voltando olhares para o comércio da Música, está se vendo o abaixo à musicas sem sentido do Funk; movimentos que inibem as letras de canções sem fundamentos e razões. No Rio de Janeiro, indivíduos da favela têm gostado de Bossa Nova; existem grupos de estudo que vangloriam Tom Jobim e João Gilberto. E isso, para mim, é um sucesso. Gente que há pouco tempo estava perdido em bailes funk ao uso de drogas, hoje estuda a calmaria do mar visto por grandes compositores e intérpretes do nosso país.
Não acho errado o Funk, a cultura é maravilhosa, quando carregada de bons princípios, e envolta de estudos a fundo.

Retornando à Mídia, quando vejo uma rede de televisão presente a locais de catástrofe natural, não os julgo por usar da tristeza dos outros, como fim lucrativo. Obviamente, muito de lucra, mas não apenas materialmente.
Muitas pessoas de altas classes sociais têm observado o diagnóstico de nossas terras, e aberto as mãos a ONGs nacionais a fim de auxiliar em grandes movimentos como o resgate de aves feridas vítimas de contrabando ou a preservação de espécies na Amazônia, ou até a simples coleta correta de lixo.
Não é necessário que se tenha dinheiro para separar bem o seu lixo, e sua bondade para com o mundo começa dentro da sua casa.
É o que também observamos pelas revistas e jornais. Algumas marcas têm investido em livros educacionais sobre o meio ambiente, dando dicas simples sobre a coleta de lixo e o uso correto da água.
O nosso bem natural está, em sua totalidade, ameaçado. A água, o solo, os animais, o ar, a atmosfera, o ser humano. O ser humano vem apresentando doenças antigamente vistas, porém em tempos modernos extintas.
Hoje temos um mal hábito na alimentação, mas a mídia também dos dá dicas de como de alimentar bem, seja no inverno, verão, primavera ou outono.

Não há dúvidas de que, mesmo que lentamente, estejamos melhorando. Há alguns anos atrás, eu tinha muito medo de trazer à vida uma criança. Estamos em nível crítico, como há muitos anos atrás, mas hoje a informação que nos é dada nos assusta, ao mesmo tempo que nos instiga para transformarmos a teoria de melhorar o mundo em uma força em sua prática.
O que, para muitos, vem sendo insignificante, a mudança para mim é enorme nestes poucos anos.
As escolas têm reformado seu ensino, como também faculdades.
A música, a arte.
Talvez todas essas mudanças por que o próprio ser humano está se percebendo humano, e não como apenas uma maquina de produzir dinheiro e sucesso.
O ser humano vem, cada vez mais, buscando o significado de se estar vivo. Busca até em seu próximo muito mais do que aparências.
Vejo no meu circulo de amizades. As pessoas mais simples e encantadoras estão completamente felizes namorando, ou casando com pessoas tão especiais quanto elas, e, as mais bonitas e bem vestidas estão sozinhas, e afirmam que por opção. Mas quem optaria pela solidão se AMAR é o melhor sentimento de todos?

Até o ultimo dia de 2009, aprendi muito sobre o Amor. Quando jovens acreditamos que o amor seja cinematográfico e perfeito. Entre sorrisos e risos, paixões ardentes e sol de verão.
Mas amor não é isso. Amor, é muito mais do que isso.
Sabe por que o Amor é o único sentimento que une duas pessoas pro resto de suas vidas? Por que você só ama quando enfrenta dificuldade do outro, e quem ama na dificuldade jamais verá um sentimento se acabar.
E isso não é valido apenas para duas pessoas, em seu relacionamento. É válido para com os animais; o Planeta.



Eu assumi Amor pelo meu País, pelos meus animais, não apenas os daqui. Assumi, pois vi que foi na dificuldade do meu planeta terra que descobri o quanto meu coração pede pra ajudar.

Observei tudo afora, e eu mesma.
Da mesma forma que o planeta está mudando, mesmo que imperceptível, eu também estou mudando.
Isso pode se chamar amadurecimento, pois afinal hoje é meu primeiro dia com 21 anos.
Mas, eu acredito que estou finalmente conhecendo o que se chama vida.

Eu passei a acreditar na felicidade, voltei a acreditar que eu ainda tenho sonhos e quero viver amanha para realizá-los. E sim, o Amanhã existe sim. Passei muito tempo explicando pra todo mundo que o amanha não existe, e quantos sonhos devo ter destruído, assim como fiz aos meus.
MAS NÃO, O AMANHA EXISTE SIM, E FAÇA PLANOS.
Alimente esperanças, queira acordar no dia de amanhã mais feliz, mais satisfeito, alegre, rico, ou seja, o que for que te deixe mais feliz.

Aprendi que não é bom se sentir maior do que os outros. Mais inteligente, mais poderoso ou mais bonito. O sentimento de orgulho só te afasta das outras pessoas e te prende sozinho em uma jaula que impossibilita o acesso até você a todas as pessoas que querem se aproximar. Te tira amigos e companheiros. Te rouba toda a alegria de viver.

Aprendi que ser simples, mesmo que ainda use batom e se perfume, só atrai risos e sorrisos, a medida que atrai também gente da mais boa intenção.
Aprendi também que família é uma só, e que você deve os amar mesmo que eles te puxem a orelha quando você espera apenas um abraço; pois querer o teu bem não é apenas confirmar o que você faz, por que boa parte do que fazemos enquanto jovens não é para o nosso bem eterno.
E sobre amar, descobri que apenas uma pessoa em sua vida inteira te fará sorrir sem motivos, e também chorar de soluçar, sem motivos. Que o amor não é colorido todo o dia. É como a natureza, o clima. Existem dias de chuva, dias coloridos de sol. Ainda existem as estações, mas acredite em todas elas existe uma beleza especial.
O amor não se deve descartar. Afinal, é como faz um fotógrafo. Existe aquele que vê o por do sol do domingo, esplendoroso, e não tira sua máquina da gaveta por que acredita na segunda-feira. Quando o dia amanhece, a chuva esconde o sol, e o por do sol, nas cores do domingo, nunca mais existirão em sua realidade. E o outro fotógrafo tudo o que existe de belo a ele, se é fotografado, sem jamais deixar a beleza dos dias passarem no esquecimento. E se a chuva aparecer, aprender então a ver a beleza nela. Mesmo que esconda o sol, a lavoura ela alimenta, as ruas ela lava, e trás milagres ao nosso planeta.

2009 Jamais será esquecido.
2010 será o ano para o Ser Humano continuar a crescer.

Agradeço aos amigos,
Paula Morais