quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cérebro

Às vezes acredito que ter criado um blog para anexar meus textos não fora boa idéia. Fico entusiasmada para estar sempre postando mais, muitas vezes me forçando a produzir um bom conteúdo. Mas, o bom pensamento é aquele que nasce inesperadamente, que brilha e trilha seu próprio caminho na mente, como o amor, “no peito”.
(o que não faz muito sentido, por que o Amor deve prover de um conjunto de ligações nervosas que ativam uma pequena parcela da massa cefálica. O que indica que quem ama sabe usar a cabeça, ou tem capacidade de ativar tal espaço cerebral).
O fato é que tudo está ligado ao nosso cérebro, e tudo começa ali. É bizarro viver uma aula de anatomia e conhecer um cérebro de verdade. É quase que assustador você se ver tentando engolir como aquilo tem toda a capacidade que tem. Aquilo ali faz da bondade da Madre Tereza de Calcutá e Dalai Lama, até o ódio possessivo e maquiavélico de Hitler ou o serial killer Herb Baumeister. Aquilo ali organiza e comanda você, sua vida, seu destino... Seu fim.




Eventualmente, me preocupo ou apenas tenho imaginar o que as pessoas pensam de mim. O que tenho certeza é que as que não me conhecem pensam algo profundamente diferente do que as que me conhecem. Da mesma forma que as que muito me conhecem, não são necessariamente amigos. Por que amizade é semelhante ao acordo, e se duas pessoas não concordam com a mentalidade do outro, jamais haverá qualquer tipo de negociação.
Todo julgamento nascido antes da Análise, é o chamado preconceito, o que não indica apenas as diferenciadas raças, e sim, também às diferentes formas de se Raciocinar.
A pessoa que costuma me ver na rua pensa o oposto daquele que não me vê, só me lê. Quem me vê, acha que não sei pensar. Quem me lê, acha que não sei ser mulher. Então, nesses anos eu venho tentando casar bons cuidados com meu corpo e alimento a minha mente. Preocupação com quem só tem capacidade de leitura nos olhos? Talvez. Mas ter olhos não significa ter raciocínio pra ler a foto através deles, por que em muitas pessoas isso parece não ter ligação direta.
Importante é jamais dizer o que se é, ditar seu estado, gritar sua nomenclatura. Independente do tempo, quem você é verdadeiramente, será visível por muitos. Mas É visível a poucos. Contente-se.
Contente-se com sua vida, sua escolhas. Sua atuação, como em um teatro...
Lembro-me de um professor de artes cênicas da escola, que vivia dizendo aos alunos: “Nunca te preocupa com o que eles pensam... a vida acontece do tablado pra cá. Não há ninguém lá, eles são só sombras, e te criticarão se você lhes der lado e chance para tal.”
Eu imaginava todo aquele veludo vermelho, os camarotes de estilo francês, em andares nas paredes do teto alto do teatro rodeados de ferro banhado a ouro em arabescos, as cortinas longas, as poltronas em fileiras rodeando o palco...
No dia da apresentação, imaginei o teatro francês vazio, enquanto havia umas 300 pessoas assistindo a peça. Tinha dificuldade de encarar o público por que, se os olhasse nos olhos involuntariamente começaria a imaginar o que eles estavam achando da minha atuação. Preferia sempre viver o que era para ser vivido, dentro daqueles metros, um mundo, em uma peça.
Fui a Fada, outra vez, a Gralha Azul, a Vitória Régia, até a Noiva do Casamento da festa Junina. Talvez tenha dado certo no colégio ignorar o preconceito dos outros; e por que não daria como adulta?
Os tempos de ser fada já passaram, e nunca mais vou ser criança para fazer algo diferente. O que fiz está escrito. Mas tenho ainda a caneta em minhas mãos, muitas folhas em branco (com sorte) e tenho a chance de continuar escrevendo o que eu quiser, até que meu corpo adoeça e ela escorregue entre meus dedos, sem tinta.
Às vezes, sozinha pego o livro da minha vida no colo e volto várias páginas, estudo quem fui, e chego a conclusão de que somos uma pessoa diferente a cada dia. Em datas marcadas, no dia 11 de janeiro de 1995 eu fui uma criança inocente. E no dia 11 de janeiro de 2009, tornei-me mulher.
Ontem mesmo eu acreditei menos em mim do que acredito hoje, isso me faz ser alguém diferente. Por isso, lembro-me diariamente que amar alguém é ter o compromisso de se apaixonar todos os dias por uma nova pessoa dentro da mesma.
Não me preocupo mais se o atendente da farmácia da esquina gostou de mim ou se no salão de beleza eles gostaram da minha sobrancelha, por que amanha ela vai estar diferente, e posso engordar, emagrecer, assistir nascer uma ruga.
Então hoje comecei a me dar a chance de ser reconhecida pelo que sei fazer, sem gritar. No silencio, eu mantenho o meu blog.


“Se tiver que lembrar as pessoas que você é, você não é.”

A Caminho

Como sempre, a companhia de uma boa música, e eu volto a lhes falar.
Nesta terça-feira, como quase sempre analisando o fator “vida”, confessando assim me sentindo novamente impotente perante o único espaço considerado Infinito.
O Discovery Channel, como sempre têm feito, trouxe alguns minutos de luz ao meu cotidiano rotineiro, e novamente eu me coloquei a questionar a existência de todo e qualquer ser vivo ou inanimado, e que surpresas nos aguardam lá fora. Poéticos momentos que, para muitos, é se dar ao luxo. Para mim, muito básico para ser luxo! Todos deveriam sofrer desse meu vício...
Enquanto há vida aqui dentro... Os carros estão cruzando as avenidas, as pessoas entram nas lojas e escolhem o melhor modelo para a silhueta, as fábricas aceleram-se na produção de matéria prima para tentar satisfazer o insaciável. As noites vêm, as pessoas acendem as luzes, chegam do trabalho, assistem a Rede Globo e àquelas novelas, pedem pizza por telefone... tudo é logicamente tradicional, humano. Mas, nem tudo que é humano é racional. Isso, modernidade, definitivamente não é. Por que a modernidade implica-se a criar qualquer coisa afim de entreter você, para não ser deixado pra trás perante concorrências ilusórias e confundir a cabeça de todos que aquilo seria grandiosidade. Boa tentativa, mas aprende-se um dia a ampliar a visão e olhar por detrás desse muro manipulador.
Em 2004, o mundo parou para observar a catástrofe natural Tsunami, na Ásia. Fato que, não pra menos, horrorizou de perto ao bicho assassino Humano, que há muito vêm deteriorado seu maior patrimônio. Aos que sofreram os danos e estão vivos, trazem suas dores até hoje, e merecem méritos de Heróis por sentir nas costas o peso do pecado de toda uma humanidade.

(E, um minuto de silencio em respeito às Vítimas do Tsunami, por sermos culpados pelo seu sofrimento e responsáveis pelo óbito ao contribuirmos dia após dia à destruição do planeta. Muitos findam a vida, o ar, a natureza, mas são poucos os que ocasionalmente pagam por tudo isso).

O fato é que o fenômeno natural tomou toda a atenção enquanto, do espaço, também uma catástrofe se aproximava. Estaremos então cercados de más notícias. Mas esta seria de máxima importância.
New York Times, 2004: A Nasa anuncia, coincidentemente no mesmo dia do Tsunami, a presença de um corpo cósmico na rota terrestre. Apophis, um meteoro previamente catalogado como 2004 MN4 , estaria vindo em nossa direção.
Mesmo que impossível definir em quantos anos isso aconteceria, a certeza dos cientistas é que, se fossem previstos 10 anos até a colisão, não teríamos tempo de se precaver de tal impacto e, simplesmente, o único a fazer seria esperar pelo fim de tudo o que um dia foi vida, sistema, atmosfera; o fim do Planeta Terra.
Ao que me lembre, na mitologia grega, o nome indica Poder e Destruição. Bem nomeado, Apophis foi descoberto e, desde seu anúncio no NYT, analisado por astrônomos de todo o mundo, definindo-se então como a maior ameaça a terra dentro de seus aproximados 3,5 bilhões de anos de existência. Ninguém nota algo monstruoso, desde que ele esteja fora do alcance de nossas vistas e seja menos do que um pontinho no céu. Já que está a muitos anos luz e você estará provavelmente morto, preocupe-se em saber quem venceu o jogo ou onde investirá seu dinheiro.
Uma escala de um a dez, considerando que 1, 2 e 3 significa 100% de probabilidade de atingir a terra, aponta Apophis ao sétimo nível. “É de se preocupar, e chama a atenção” dizem os cientistas. Da mesma forma que ele estava ao dez e foi pro sete, o que o impedirá de alcançar o nível um?
Observemos então essas miudezas que faturam milhões no castelinho da Daslu ou a última Ferrari, o que indica tanta grandeza! Enquanto lá do céu, pode estar correndo em direção a todas essas Ferraris, Lamborguinis ou Bugattis e todo mundo que usa algo da Daslu, uma peça de rocha que em, cinco segundos, faz desse luxo, o lixo. Lixo espacial. E então, valeu?
Valeu toda essa ambição por querer se igualar pra corroer, sugar e então ficar por cima? Valeu a Evolução Industrial? Valeu, termos um dia existido nesse pequeno ponto de um universo que ninguém sabe até onde vai? Valeu, Hitler, todos os Judeus enterrados pelo teu orgulho e prepotência? Dessa vida nem a bandeira da Alemanha conseguiu levar, quem dirá seu poder? Valeu viver?
Todos já sentiram o poder na bomba de Hiroshima e Nagazaki, imagine 5.000 vezes mais poderoso.
Qual é o nosso tamanho?
Talvez... eu acredito...
Talvez seja a hora de sabermos que as linhas que explicam nossa existência estão ao decorrer da leitura da natureza e suas cores. Das flores que casam com a neve, a beleza das ondas azuis e brancas que correm até a praia pra beijar a vida. A altura das montanhas que proporciona sensação de conquista ao homem, o próprio Homem, e sua beleza natural antes de ser atingida por seu cérebro mal intencionado. Talvez seja hora de acreditar no Apophis, mesmo que não passe de mais uma besteira da mídia.
Use isso, use nossas fraquezas e riscos, mesmo por brincadeira, para ter mais tempo para viver. Viver, do verbo Viver; não do vegetar.
Se acha que não teme a nada, engane a si mesmo de medos, por que eles nos são construtivos. Sinta medo de perder seu emprego, e trabalhe melhor. Medo de perder seu amor, se entregue intensamente. Medo da pobreza, ajuda aos que já foram alcançados por ela.
Medo de morrer, pra viver intensamente. Por que o erro do ser humano é sentir-se seguro demasiado, poderoso, Imortal.
Acreditei em cada palavra que eu ouvi e imagem que vi sobre esse assunto.
Se, dentro de nossas casas e vidinhas pacatas estamos sendo constantemente ameaçados, imagine a dimensão das ameaças que estariam nos vindo de um universo que se define Infinito.

Reflita.
Pelo mundo, pela vida. Também pela sua.

Paula Morais

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Estereótipo Musical

Uma semana que venho fugido de sonhos, daquela Analítica. Afinal tem sido menos difícil não se pôr a pensar... Ainda que pareça que esteja vegetando. Acredito nisso. Fujo com uma trilha sonora...
Usemos então a defesa “É nossa cultura” para defender a pobreza da música comercial: O pagode e o sertanejo atual.
Confesso que adoro músicas de tema “Amor”, mas algumas vezes o significado da palavra é completamente confundido. E aí, tem que engolir, minha gente inteligente!
O desejo (paixão, aos que assim acreditam) é o assunto que mais têm movido o mundo nesses tempos, com o comércio completamente voltado pra isso, o sexo. Não há necessidade de narrar letras de músicas, por que acredito que todos já conheçam “O Pimpolho” ou “Vuco-Vuco”.
Pra mim, é assustadora a forma que, rapidamente, o público jovem adepta-se a isso. E aos que adoram essa “cultura brasileira moderna”, me perdoam se admiro tanto a música clássica européia. O fato é que, em 2009, não se sabe mais se o Brasil tem uma só cultura. É como uma luta entre a boa e velha bossa e o lixo comercial pagodeizado.
Que me chamem então de estúpida, ou até capitalista por olhar mais o luxo europeu do que o lixo brasileiro. Mas, lembra-te que capitalista é aquele que respeita regras populares que lhes bendizem o luxo e a modinha, não aquele que rebusca classicismo perante uma longa história de estudos. Existe uma intriga... Sinceramente, enquanto Mozart levou uma vida para ser um pianista, um moderninho desses levou uma noite de balada somada de muita insanidade para criar a “nosso inspirador Vuco-Vuco”.
Perdoa-me, se não valorizo por tantos anos na estrada lutando pra ganhar teus trocos, mas isso não significa que o que você faz é bom e cultural, talvez seja o motivo por tanta dificuldade. Você não passa de um alimentador ao bicho “Ignorância” da modernidade jovem.
Sinceramente, chega a ti aquele momento que começa a te arder os ouvidos com certas besteiras jogadas na mídia, que cai na boca desse povo inocente.
Muitas pessoas já me disseram que sou muito complexada, cheia de regras, e chata. Felizmente a ti, te dou a liberdade de me declarar o que quiser. Antes, respeito a mim mesmo; é que minha consciência já teve tempo para aprender como peneirar e deixar passar o que me é informação construtiva, e segurar afora o que é decadência.
Aprendi que, para gostar de certas modernidades, você não pode estar apto a Pensar. Se existisse um pingo de raciocínio lógico, talvez o Pimpolho, o cara bem legal, não existisse.
As vezes me questiono. O escritor destes gêneros são muito ignorantes para não ter capacidade de criar qualidade, ou são inteligentes para saber que o povo está mais é viciado em pobreza de espírito. Afinal, o que mais se preza hoje, até com arte e música, é o maldito dinheiro.
Estivemos em um show de musica sertaneja, pelas clássicas, e pelos velhos tempos. O que não pensei é que nos velhos tempos isso até me era bom, mas hoje eu estudei e conheci muita coisa melhor. Não me desce...
Então, percebi mais uma vez que vou mais nesses lugares para notar as atitudes impensadas dos outros do que curtir... infelizmente, não consigo mais cantar algo que eu não vejo fundamento, e O que será que Tom Jobim está achando disso tudo? De mim, é Tchê... como é que eu vou gritar absurdos se já aprendi a anos que aquilo ali é um absurdo? Isso é ilógico.

Aí lembro... que saudade do tempo onde música era Música.
Aquelas brincadeiras com a minha família unida, quatro pessoas em uma cama de casal, brincando de palavra chave. Dizíamos uma palavra de uma música pra alguém adivinhar qual seria...
Que saudade desse tempo em que nenhuma música degradante não nos vinha atordoar a mente.
A velha música que traz sentimento, que atrás da melodia, a voz que faz os olhos se fecharem... Lembram então um paraíso ao final de tarde, o barulho do mar acariciando e moldando as rochas, os barcos no fim do horizonte. (Sting – Fields of Gold). Aos baladeiros de plantão, tentem um Chillout ou Soulful.
Quem me conhece, sabe que gosto muito de música latina; a salsa, mambo, bachada, merengue... E, quem sabe mais, entende que a cultura latina tem o sabor de sua comida. As letras envolvem-se a sedução ao prazer, o que indica o Brasil e seu Samba. Porém, visto que sou brasileira e defendo-me como Índia nativa, o samba é vinho, e o Pagode, a rolha, o samba vulgarizado, rimado e comercializado.
Que aquele “Tico-Tico no Fubá” não morra! Que assim seja, ao samba raiz!
E a bossa-nova, é claro que gosto da minha cultura. Mas, se falando em música provocante, o brasileiro costuma vulgarizar.
Os lançamentos da musica latina se difere aos da musica brasileira. É escancarado o desespero do brasileiro pelo sucesso, e a tranqüilidade cultural do que respeita suas raízes, antes do dinheiro. (Wisin & Yandel – Abusadora).
Ainda que esses dois rapazes tenham o tipo sem-vergonha do brasileiro, eles são bons em seu ritmo e combinação instrumental. Como o próprio Arcangel, em “Pa’ que la pases bien”. É o que ativa qualquer um, diferente de pacatas musicas pra dançar, a que todos por aí ouvem.
Bom, mas a pobreza é algo que os ricos têm certeza que fogem, mas estão muito enganados. Todo mundo sabe que pobreza não indica apenas ao capital.
Ninguém está ileso e livre de ser pobre, até aquele que ganhará 10.000 reais por mês até morrer. Estamos jogados ao mercado como produtos populares ou animais acessíveis. O que é jogado dentro da jaula é digerido, até essa porcaria musical moderna.
Hoje eu até me assustaria se chegasse a um lugar onde todos estivessem gritando a letra da “Drive”, do Scorpions. Aqui, isso seria impossível. Ah, meu Brasil, amo nossa natureza e nossos bichos coloridos, mas sua gente está ultrapassada demais, acreditando ser ultima geração.


Pare um pouco e reflita o que você põe na boca.

A música que a você canta é obviamente parte de sua personalidade.
Cuidado com isso. Estude o que você está cantando, pare de copiar a boca do outro e mande no que você gosta. É parte de você.

domingo, 16 de agosto de 2009

Declaro-me Artista

Sejamos nós o ápice de capacidade como seres humanos, profissionais, controladores do nosso cotidiano, manipuladores de nossa rotina; considerarmo-nos auto-suficientes... Jamais nos sentiríamos completos sem que ao nosso lado esteja, pelo menos, um ser humano. Nascemos para descobrirmo-nos ao espelhar no próximo... e é assim que se transcorre a Lei da Vida. Crescemos e caminhamos de mãos dadas aos semelhantes, mesmo que incapazes de isso enxergar.
Nesses últimos dias estive pensativa e dei um tempo aos escritos... Talvez esteja pensando complexidades extremas que não possa, por falta de maturidade, transmiti-las em palavras. O fato é que venho me emocionado com o papel que alguns seres humanos têm se desempenhado em minha vida.
Também me é, de certa forma, irritante que a vida seja extremamente enigmática, em fases, que me obriga a ser passiva. Mesmo que saiba que Deus me assiste inquieta, Ele sabe que isso me é incrivelmente necessário, para que continue tendo motivos para satisfazer as minhas dúvidas, e persistir.
Hoje, fiz meu sepulcro, abençoei-me, e me despedi, deixando o Eu de Ontem na porta do Instituto de Belas Artes e Eco-Formação, de Balneário Camboriú, e nascendo novamente ao meu primeiro passo adentro. Foi uma experiência única, me assistir ao renascer.
Hoje, agradeci a Deus por ter me dado olhos que se emocionaram ao tocar as Obras de Arte de uma pessoa que está além do simples complexo humano... De um mestre. Em silencio, encontrei o momento que há muitos anos tenho esperado; a paz e o harmonioso encontro com a própria Alma.
Veio-me então a curiosidade ao Cósmico Infinito Artístico, tal qual me roubara os olhos e a consciência lógica. Nem mesmo pude notar o tempo que se passou. Enquanto estava sentada, a cada pintura em tela que meus olhos tocavam, era uma janela que se abria àquele mundo que tanto me traz o sentimento de estar aos braços do meu lar; então que faça sentido àqueles abençoados de sensibilidade. Sou grata e não vejo limites a esta gratidão.
Maria Glória Dittrich é o nome que foi dado no momento em que esta pessoa existiu ao seu primeiro momento nesse tempo físico chamado Vida. Pessoa esta que parece reproduzir seu próprio nascimento em suas telas, por trazerem tanta vida e transparência... Evidente que a sua existência é vivida em plenitude.
Alguém que soa como a música do piano, a música clássica que se denomina música para alma. Nome este que hoje não me saiu da mente... que denomina a pessoa de um poder sobrenatural, a quem eu dedico meu feliz sepulcro a porta de seu instituto; feliz pois a mim não deixei morrer, e sim, meus piores erros enrustidos.
Maria Glória tem um poder que de nada tem a ver com ditadura. O poder de transformar, transpassar, e transcender. Em cores, formas e movimentos, ela criou o seu Português, a sua forma de conversar conosco, o mundo. Ainda que ela nos tocasse apenas com suas obras, bastava... porém, ademais é a Artista das Palavras, e faz obras de arte com o poder da fala, sabe essencialmente Dizer, e não apenas falar. É como a que nos cuida como terra, e planta então ali sementes da Emoção; eu aflorei lágrimas, uma resposta do meu corpo físico, respeitador e fiel a minha Emoção.
Descobri que algum dia de minha vida, quem sabe ao nascimento, meu corpo casou-se com a Emoção. De tal união, nasceu uma artista, que considera a sorte da facilidade de expressão. Milagre este que olhos enxergam, levam a Sensibilidade a qual o vive profundamente, e carrega até ao corpo físico novamente, trazendo aos olhos as lágrimas e arrepios.
O silêncio daquele lugar, eu contemplava. As paredes eram pintadas à cor de Paz, no ar pairava a Inspiração. Sentei-me a frente de um quadro e atentei a detalhes. Como poderia este mundo, um mesmo mundo, carregar nos braços a guerra e a arte? Como podem os guerrilheiros olharem para cores da natureza e a beleza de um ser humano sem que se deixem envolver pela magnitude? Como as mãos que matam podem ser as mesmas que fazem nascer? Nascer a Arte. Nascer da Arte. Produzir... qual seria felicidade maior?
O ser humano lá fora pouco conhece sobre essa imensidão.
Meu corpo estava sentado em uma poltrona de um teatro chamado Vida. A peça: Arte. A atriz principal: A fundadora, pensadora, psicóloga, amiga, madrinha, Artista, guerreira, sábia, Maria Glória. Inspiração, a força; agora a porta está aberta. Glória, sim, aos dias que me trazem pessoas, estas que me guiam, estas que me encorajam, que dão cor a minha arte, movimento ao arcaico estático. Glória ao poder do destino; ao poder da estrada que nos leva àqueles que nos presenteiam a Luz. A Glória do espírito.
Dali, de um ser humano que poderia ser pouco como muitos, veio coragem, inspiração para passos certos. Para aceitar a mim mesma, vencer medos. Preciso dos seres humanos, mesmo que venha a acreditar, um dia, que sei praticamente o suficiente. Na lei da verdade, que jamais me venha o pensamento que aprendi o suficiente. Estudaria então a vida dos monges do Tibet, criação de pérolas na Indonésia, a existência de vida após a áurea terrestre, ou após a morte. Enquanto estiver vida, que eu saiba que infinito é o espaço dentro de mim para do mundo e de outros seres humanos aprender, vivenciar, sentir, amar. Quero fugir, sem fingir, do que me empobrece a alma. Quero me aceitar... agora estou mais forte para tal. Agora, é o momento em que devo me vestir do que realmente sou. Reprodutora do intocável, amante Humana, apaixonada pelas cores e inspirada mesmo que pelo branco infinito. Quanta vida e sentimento ao espaço de 3 horas. É um choque, animo para um artista que vivia o antigo perigo de fugir de sua própria identidade por pura conveniência material.
E assim, assisti meu renascer...
Foi então nas cores, movimentos e dimensões que minha alma sentou para o descanso mental, a Paz. A imensidão do universo artístico transcendia os limites planos das telas e corriam para abraçar-me, deitarem ao meu lado. Conversei comigo mesma, parecendo ali assistir a mim, desnuda de carne e ossos, de significado transmitido incrivelmente por apenas tinta, uma pigmentação que a muitos é lógica, que a mim é a cartola, a cartola de Glória, onde toda a mágica se inicia.
Assistia naquelas telas como se fosse eu, eu dentro de mim. Eu, essência.
Depois que meus olhos cansados assim envolveram o panorama Consumista social, a vida sem vida, da porta do instituto afora, encontrar aquele universo vivo em um espaço físico era como estar na porta do paraíso, contemplando-o.
O momento em que apreciava sua obra foi único, e ainda recebi tantas palavras iluminadoras. Hoje ganhei um dos grandes presentes da minha vida, daqueles que ao receber temos a certeza que jamais seremos as mesmos.
Aos que acreditam na lógica, basicamente estou mais inspirada, determinada, forte e valente, mas, acima e mais importante do que o todo... Hoje, aceito-me e declaro-me Artista.

Queridos Amigos...

Eu digo a minha consciência, tantas vezes antes de dormir: Sou uma mulher de Sorte. Sou abençoada; uma pessoa feliz, por, tão nova, poder estar conhecendo o artístico e filosófico lado da vida.
Ser quem sou, tem atraído grandes e mágicas alegrias, das quais a alguns meses atrás eu pouco imaginava que teria a honra de senti-las. Por isso, é hoje que lhes digo: conviver aceitando-se diferente do resto do mundo, te aproxima de outras pessoas que também lhes é fundamental ser Essência, e esse encontro lhe dá o alimento para vida. Ao vazio da alma, dá luz, cor, vida e paz.
Agradeço a Deus pelas oportunidades nessa minha caminhada, e que tão prematuramente tenho visto o significado real e puro do que se chama Vida. Grande Sorte a minha, por estar conhecendo pessoas e histórias de vida que me inspiram a Arquitetar a minha vida e ser dona de mim, dona de meu sucesso e reconhecimento. Eu sou a principal responsável pelo o que sonho, e obviamente devo e vou lutar pela minha Razão de Viver. Lutar pelo meu dom, e, com amor, trabalhar em função daqueles que precisam acreditar nesse universo infinito do Ser e Existir. Me entregar à minha causa, ao mais profundo que habita em Paula Morais.
Satisfação infinita, o poder de vivenciar sentimentos e alegrias e descobrir forças na sabedoria e humildade das pessoas que estão surgindo nessa minha estrada.

Agradeço pela Luz e Força que me vieram a partir de um ser humano.
À Maria Glória Dittrich.


Estudo de Michelangelo, a Capela Sistina. De Paula Morais.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Lua do Oriente

Dia 11 de agosto de 09

Uma seqüência de percepções que talvez uma outra pessoa tivesse em um ano de vida, eu tive nesses últimos três dias. Mais uma vez, é vitorioso nascer a cada manhã e morrer em uma mente velha e cansada a cada noite. Mas é triste que o conhecimento profundo só nos dê créditos quando nossos corpos estão cansados, e velhos. Às vezes sinto minha mente exausta, mas estou distante demais de ser como a fortaleza de minha avó, hoje completando 82 anos.
A viajem por essas estradas da vida me fizeram pensar nas tantas analogias com esse tema eu já ouvi, e na madrugada de sábado, entendi.
Escutamos todos dizerem que o tempo está se acabando, é um modo de fazer o medo que sentimos torna-se impulso àquela mudança. Mas o medo é improdutivo, aqui. A vida é deixada pra amanhã, por que hoje não se pode parar para viver intensamente. E o amanhã... existe? Não. Quando o amanhã chega, já não é mais amanhã, é Hoje, e haverá sempre o amanhã inalcançável.
Aqui onde os dias passam, semanas, mês após mês, e os anos. Não é o medo de morrer que nos faz querer viver, por que no fundo temos a certeza de que estaremos tão vivos quanto hoje. Mais felizes? Não importa. Mais ricos?
O dinheiro foi inventado por uma pessoa heróica para que o ser humano, em sua ignorância, tivesse um motivo para motivar-se e não desejar dia após dia acabar por eliminar sua espécie. O motivo maior pelo qual ainda não estamos em extinção.
Pensa que não há por que acordar pela manha se não pelo dinheiro. Não há por que buscar a saúde se não para trabalhar melhor e produzir mais, pelo dinheiro. O amor, que de nada te trazia o lucro, extinguiu-se. No mundo, o que não se pôde comprar, foi exterminado. O homem sente-se impotente perante a algo que, engolindo ou não, o seu dinheiro não pode comprar. Então, dá sua alma e sensibilidade para eliminar. Ninguém se sente mais amado, por isso é mais fácil brincar de teatro nas festas e baladas da vida. Lá é a Vida perfeita que todos querem ter... quase todos.
E ficaram na estrada às minhas costas, aqueles anos que a todos do mesmo sangue juntos sofreram com a insensibilidade, a diferença do temperamento entre família; a Indiferença. Aqueles anos que me deram apenas uma chance para fazer a escolha, e tentar fazer a coisa certa. Não posso mais nem imaginar meus pais casados. Dói demais... o dinheiro continua não comprando Nada de valor real a mim. Infelizmente até nosso corpo depende dele, além da mente que se polui quando direcionada a meios de comunicação que escondem sua ignorância por trás desse glamour, desse programa pobre que dita o consumismo. Liga o botão da televisão e te senta; recebe tu as instruções para transformar-te em máquina de produzir lixo. E continue produzindo...
Ademais...
Acredito que tenhamos feito a coisa certa. E estamos ainda fazendo. Mudamos; o que importa é que estamos vivos e, de certa forma, mais inteligentes.
Na viajem, fiquei com duas poltronas pra mim e uma janela grande pra admirar as estrelas e a noite. Nem tão cheia, mas incrivelmente brilhante, tivemos uma conversa...
Ouvi a viajem inteira as músicas clássicas, meus pontos de partida para a produção mental. Mas senti que mesmo sem compromissos com ninguém ou com nada, minha cabeça já não sabe mais parar de pensar. Não consigo parar de estudar a realidade. E estou começando a não querer transformá-la... Apenas entende-la. Eu sozinha mudo apenas a mim mesma.
Tudo ficou tão claro, mesmo na escuridão da noite. Todos pareciam estar dormindo, mas minha cabeça a todo o momento produzindo, não consegui encontrar paz pra descansar... não consigo paz a dias. Tomei as dores do mundo que também não descansa...
Enquanto passando pelas cidades, do céu nada se notava... mas de repente tudo era deixado pra trás e mergulhávamos na escuridão da noite; tudo era preto absoluto enquanto o céu era de azul marinho imenso com pontos de luz e a lua. Algumas luzes acesas ao meio do nada, vida que me parecia tão calma e intacta pelo consumismo e pobreza de espírito. A vantagem de não se conhecer o conceito humano de “avanço”, que, pra mim, esse abismo.
As cidades e vilas, pessoas, carros, luzes, tudo passando e ficando pra trás, e a lua no céu, me acompanhando, sem sair do lugar. Isso não me deixa fugir do pensamento sobre a Vida.
Quem seria a nossa lua, enquanto tanta história é deixada para trás?
A lua e as estrelas... Sozinha, aprendi que não existem coisas comuns, existem olhos insensíveis. Quero aprender mais ainda a ver tudo isso como o milagre que é.
No escuro lá fora, as arvores, os galhos eram desenhados em preto no fundo azul. O preto absoluto. A música... eu até que cheguei em Cascavel rápido... não ocupei minha cabeça com o vazio existencial.
Minha família tem sido o principal assunto. Três e meia da manhã encontrei com a minha mãe e estranhei como é bom estar de volta para casa, mas ainda preciso de momentos sozinha.
Desde que cheguei estamos fingindo e fugindo de assuntos que nos estão causando a tristeza, para que não nos cause mais ainda.
Pelo medo de escutar coisas ruins, evito dar palpites. Estou quieta, e pela primeira vez minha família me pede pra falar.
Onde está aquela criança alegre, falante, inconseqüente e valente?
A inconseqüência nos empurra aos braços da maturidade, tão rapidamente. Hoje, eu cheguei aqui.
Idealizar e saber demais das coisas me causa medo... saber ao quê posso me atirar, sentir e saber o que os outros sentem, me trazem medo dos meus 40 anos. Medo de ficar fria, alimentando-me de teorias... por que será que um dia jogar lixo na rua era normal pra mim? Por que hoje sou escrava do querer fazer a coisa certa?
Observei, do outro lado da mesa do café, minha avó fazendo seus 82 anos. Vida, que permeou. Vida, que tantas vidas outras possibilitou. Tenho me visto tantas vezes observando as coisas, pessoas, atitudes... antes de me esconder atrás de livros, quero conhecer-te, ser humano.
Pedi a minha avó que nos abençoasse com uma oração. Um botão de rosa se abriu dentro de mim quando seus olhos se encheram de lágrimas, embaçando a sua visão de filhos e netos ao redor de sua mesa. Como seria se sentir ser responsável por tantos milagres? Uma fortaleza.
No ateliê de artesanato, minha mãe comprou uma casinha de beija-flor pro jardim da vovó, e eu a pintei e decorei com arabescos em azul clarinho e branco, e no telhado, listras. O abraço dela ao me agradecer me motivou a fazer mais mil daquelas, se necessário.
Os valores da família se multiplicam quando uma distância os divide.
Minha avó está mais triste e parafraseia sobre a morte, minha mãe mais confusa, meu pai mais carente, minha irmã mais nostálgica... Queria poder saber a resposta a tantas dúvidas.
Na noite passada, então sozinha com a minha mãe, tive a oportunidade de ouvir Tiersen em sua presença. Dividir um estado de espírito, e novamente, mais lágrimas.
Deus, me livre dessa sensatez... Estou com medo do realismo.
Grandes alegrias silenciosas me vieram como presente depois do primeiro passo em minha cidade natal. Evitando dizer pensamentos em alto tom, procurando ouvir mais.
Uma luz muito forte me trouxe encanto na mesma noite em que chorei pela sensibilidade com minha mãe... a qual me fez acreditar que a Lua, mesmo que se esconda atrás do preto absoluto, continua nos acompanhando enquanto passam as cidades, vidas, gente, realidades.
A sua ausência nos faz crer que tudo passou, como ao resto da estrada. Mas de repente até a montanha fica pra trás, e lá ao seu lugar aparece a lua, a majestade. E em vida, à minha realidade, ela apareceu em palavras. Lágrimas lhe dão boas vindas e lhe entregam a surpresa, confessando a maneira de como ela tem o poder de te fazer feliz. Bem. Em paz.

Hoje estou aprendendo que muitos aconselham fazer o bem por que é bonito bancar o da paz, mas vivenciei e fui realmente recompensada, e agora entendo por que Madre Tereza foi inexplicavelmente feliz. Jamais fiz algo semelhante ao que ela fez, mas o mínimo que pude fazer hoje transformou minha vida, transformou a mim, para sempre.
Muitas vezes eu fiz coisas boas e por sorte não estive esperando retorno. Aconselho-te a não desistir, por que só assim é que se pode entender a vida, e as pessoas Humanas, e sentir a razão de tudo.
Eu conquistei, de uma forma que não precisei me ferir para pagar o custo, a maior amizade de minha vida. Hoje eu sei o valor do dinheiro. Vale tanto quanto valerá para ti deitado em leito de morte. Vale menos do que lixo. Entendas tu, o dinheiro é não é resposta, é apenas um disfarce a extrema vontade de querer sentir a essência da vida. Fuga, tapa-olhos, fantasia.
... Tal será o dia que vais saber por que lhe deram dias de vida e oportunidades de fazer o certo aos outros. A oferecer-lhes o que precisam. O segredo se escreve assim. Só tu que não saber ler.
Você tem o tempo da vida para fazer o teu melhor aos outros, tens o tempo de vida para aprender que a felicidade se esconde ali.
Sentir-se feliz causou um aperto no peito, dor. Juntei minhas mãos ao rosto, e na escuridão, chorei. Debrucei-me sobre a mesa e observei o luar pintar o quarto de azul marinho. Meu corpo arrepiado, meus olhos inchados, e na cabeça a luz do discernimento, a clareza do que tudo significou.
Acalma-te, ser humano. O Tempo; espera dele a resposta. O senhor da imensidão de voz grossa ecoada dentro da memória, aquele que a tudo determina. Aquele que te oferece oportunidade de ser sábio; oportunidade de fazer o teu melhor ao próximo; aquele mesmo que trás de volta o que parecia ser passado, a lua que ressurgiu da montanha que também já se foi... e até a morte, ela estará. Na luz do dia, ao sol que queima, ela estará a te esperar com o frescor da noite para te aliviar e com a brisa tocar sua pele. Por que a lua não se apaga, não morre, não deixa tua alma sozinha. A mim, ela vem me curar nos piores momentos. Ela vem, e promete sempre voltar.
Contemplei a noite de luar na praia nos posts passados, e hoje em minha vida, ela veio iluminar. Ela veio em forma de alguém que é sobrenatural demais para ser uma simples pessoa... a ligação de palavras e acontecimentos que me provocam absurda nostalgia, obra viva, poema impressionista, os segredos dos olhos orientais...
...E é por que me traz a mágica presença da lembrança, que me traz quem fui. Quem ainda sou, escondida em algum lugar dentro de tanta futilidade.
Quero então dar mais valor ao meu valor. Quero hoje, dar mais valor àqueles olhos que hoje tão sinceros me fazem feliz. Àquele sorriso que jamais brilhou tanto quanto hoje...
À lua.
Paula Morais

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Música Clássica, Poema e Arte

Galeria Municipal de Artes, Balneário Camboriú
Coquetel de abertura da Exposição "Alegria" da artista Clarissa de Khury e Lançamento do Livro "História da Bíblia", de Isaque de Borba e Mozailton Santos.

É difícil narrar o que hoje aconteceu. No momento em que cheguei, vi o presidente da Galeria, o comprimentei e assinei o livro de entrada. Haviam fotos de flores em suas cores magestosas que de alguma forma me tocavam... e depois, com o passar dos minutos dentro daquele ambiente inspirador, me tocariam ainda mais. As pessoas chegavam, e notavelmente estava a artista entre nós. Suas roupas, seu cabelo, seu andar, e seu jeito calmo a entregravam... era um dos pontos de inspiração da noite.
Logo, parei por um instante a observar a foto de um girassol na lateral da exposição e o fotógrafo Carlos Vieira a analizava também. Foi ali que conversamos pela primeira vez, e ele foi o meu guia da noite. Também foi pronto a me arrumar um papel e caneta para que fizesse minhas anotações entre nomes e frases, analogias inspiradas pelo momento. Conversamos sobre fotografia e arte e logo fui apresentada a Presidente da Academia de Letras de Balneário Camboriú, Sra. Mara de Souza. Muito simpática e humilde, me ofereceu a oportunidade de participar de eventos de abertura e palestras da Academia na região. Deixei com ela meu e-mail, conversamos um pouco até alguém a chamar.
Ficamos um tempo analizando as inspirações de Clarissa de Khury e sua razão por detrás das fotografias e pinturas a aquarela... Como dizia no seu texto, logo na entrada, dentro de um vidro na parede, a intenção era tocar as pessoas com as cores da natureza, devendo transformar o que nossos olhos tocam, em arte, em mensagem para a alma. Sentir e viver o que se vê. Logo a cerimônia de abertura se iniciou e apresentou a todos a artista, que por algum motivo ja sentira que era a mesma, e o autor do livro que estava em Lançamento.
Humildemente, Clarissa mostrou uma base forte e conhecimento sem a ganância do maior, sem exibicionismo. Traduziu as mensagens complexas de sua sabedoria a linguagem dos que pouco entendem, talvez, o mundo sensível da natureza, para que ficasse claro a todos que o que a moveu foi o que todos vêem mas não valorizam tal qual.
Logo depois de seu agradecimento e as palmas, o autor do Livro é apresentado e toma a palavra. Fiquei imaginando... por que artistas têm a aparencia do típido Europeu? Talvez a imagem do brasileiro típico só se encaixe bem a Jogador de Futebol e dançarina de Funk... como mais tarde alguém na exposição me falaria: "o brasileiro não tem o costume da Leitura."
Ele fez um pequeno discurso que me tomou a atenção. De um jeito racional e sábio, definiu seu livro como "Nada Teológico" e explicou parâmetros a serem avaliados em sua obra. Muito sensato, entregou a palavra a mestre da cerimonia novamente. Gostei dele, enquanto duas mulheres ficavam falando atrás de mim:"que gracinha! que gracinha"! Sorri, e concordei.
Por último, uma senhora conhecida por "Tia Maria", vivida e engraçada, sentada atrás de uma mesa que tinha livros distribuidos em cima, sacou sua bengala e, sorrindo, caminhou até o microfone. Fez alguns comentários, e preparou as pessoas gentilmente para que escutassem-na, fazendo-as rir. Agradeceu, sorriu, riu, elogiou, e ao final na fala, Presenteou.
Bem maquiada, eu não queria que acontecesse o pior a mim, mas por apenas não querer não adiantou. Estando num lugar iluminado como uma Galeria de Artes, seria impossível não ser eu mesma, por isso, sendo eu, ao escutá-la recitando um poema, chorei. Chorei por que ela disses sobre o "Músico, Artista e Poeta". Chorei por que finalmente eu estou na Balneário Camboriú que a um mês atrás sonhei.
A emoção e o sorriso, somada de palmas e alegria, finalizaram a recitação; todos estavam alegres. Então, fomos convidados para ir a área da piscina, no coquetel. Enquanto as pessoas se dirigiam aos fundos da galeria, conversando com o fotógrafo Carlos, uma senhora parou bem a minha frente, da mesma altura que eu, e ficou a escutar nossa conversa. Concordava com ele, enquando fazia comentários, e o ajudava a apresentar de longe os nomes que estavam ali presentes. Curiosa, perguntei o nome dela. Ali conheci a escritora Russa, a tão sábia Tamara Kaufmann.
Tamara é uma simpática "Você" (não a chame de senhora) que me encantou com sua história de vida e sabedoria. Em poucos minutos, conseguiu me surpreender com sua bagagem espiritual e discernimento. Poeta e Escritora, que dentre seus livros também escreve colunas para a revista Bem Viver. Junto de um historiador, paramos próximos a piscina para uma taça de vinho. Conversamos como se não houvesse o "Tempo".
Tamara Kaufmann nasceu na Rússia, e viveu a pior época da Alemanha quando, com 7 anos, mudou-se para lá. Além de tanto sofrimento, até o pão, a farinha, era racionalizado no país, sem contar as tantas noites aterrorizantes pelos bombardeios rivais. Com 12 anos, Tamara veio ao Brasil, com esperanças. Sua mãe, viúva, casou-se três vezes. No Brasil, mesmo que num país livre, continuou a sofrer. Morava longe de tudo e tinha que trabalhar em qualquer lugar que a aceitasse, e serviço braçal, pois Tamara não falava o português, e o brasileiro não falava Russo nem Alemão. Quando adolescente, mesmo já neste país, ainda sentia calafrios ao escutar trovoadas; lembranças de uma prisão ao ar livre de países soterrados de ignorancia humana e prepotência, onde seres humanos de ambício e ganância não sentem piedade ao plantam em todos experiências traumáticas.
O resto da noite conversei com Tamara e descobri também alegrias em sua vida. A todo o começo necessidades vividas são dolorosas, mas a recompensa vem mais tarde, também em simples forma de dias de paz. A escritora e poeta casou-se muito bem. Mesmo com o fato de que não pudera ter filhos, Tamara viu em seu marido o preenchimento necessário e, ao meu perceber, o casamento fora de grandiosa cumplicidade. "Ele combinava comigo em tudo! Gostava das mesmas cores, mesmas músicas, cinema, teatro." dizia ela. Ela mereceu!
Tamara hoje é viúva e aposentada. Escreve poemas, livros e podemos esperar em breve o lançamento de sua auto-biografia. Além de tudo, ela borda, faz bijus, bolos e tortas, pinta quadros... como eu mesma disse a ela: "é mais fácil dizer o que você não sabe fazer!".
Como todo poeta e artista, ela é apaixonada por música classica e uma fã de Bethoven declarada. No momento em que me revelou este detalhe, pensei nas músicas de Yann Tiersen, o pianista da Amélie Poulain, e, como fui convidada a visitar sua casa para um café, prometi a ela levar de presente um cd com as melhores músicas dele. Ela me prometeu um livro dela também, e assim fomos nos tornando amigas... E rimos juntas várias vezes, que amor de pessoa!
Enquando conversava com Tamara, as pessoas vinham a mim e falavam alguma qualidade dela, para que eu soubesse com quem estava falando. A cada um que vinha, eu me sentia mais honrada; até dos seus doces e salgados as pessoas vinham se gabar. Realmente, foi uma delícia conversar com ela.
Foi ficando tarde como em todas as outras vezes que sou eu mesma fica. Me despedi das pessoas que conversei, dos quadros, do presidente da galeria. Ao sair pra rua, peguei meu celular e liguei pra minha mãe. Desejei durante toda a noite que ela estivesse ali. As pessoas dali se encantaram quando disse que sou filha de artista, e desenho como minha mãe pinta.


Se eu pudesse definir em poucas palavras o que foi o dia de hoje, diria: Uma vida em Duas Horas. Além de conhecer outras realidades, desta vez parecidíssimas com a minha, conheci mais a mim, como em todas as vezes que conheço, mas sozinha.
Hoje, junto daquelas pessoas, me senti conectada aos seus mundos e admirei-as, me sentindo estranha por a tempos não ter uma visão semelhante ao ser humano.
Artistas, Poetas, Escritores... toda a magia, o encanto, o sentimento aflorado preso às paredes em fotografias coloridas, foi ver uma porta se abrindo a mim enquanto um milhão delas estiveram se fechando.
Recebi um conselho da artista Clarissa de Khury que me deixou perplexa...
Perplexa por que imaginei desde o começo o que ela acabou me confirmando.
Que o destino as vezes seja Mestre, e tire os pincéis da minha mão por um segundo para que mostre como se faz... e talvez faça um pouco por mim.
Às vezes, até o artista se sente confuso...

De uma pessoa diferente de ontem.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Uma Resposta da Natureza

Os dias mais lindos e as noites mais inspiradoras estão acontecendo depois de que comecei e pensar em desistir de tudo. É como se a natureza estivesse ocupando-se a dar respostas... Subliminares não, óbvias... algo que dissesse "Não vá, olhe para mim!"

O cabo da bateria do meu computador arrebentou, e ontem fui atrás de assistência técnica a algumas quadras de casa. A Aline foi comigo.

Como antes de ontem, o dia estava notável, eu não conseguia parar de admirá-lo em silencio. A correria das pessoas pelas ruas da cidade era a mesma, mas para mim, encarar aquele céu era novidade.

Na volta, pegamos uma rua que tinha saída para a avenida atlântica, ao mar. Uma quadra antes, eu me senti no Caribe...

A lua branca desenhava sua áurea e pintava no mar o seu brilho. Impressionante e de tirar o fôlego, a paisagem no terceiro plano seguia de coqueiros e as luzes da praça antes da areia, com o infinito azul escuro e celestial do mar. Tirei meu celular da bolsa e comecei a filmar como se nunca tivesse visto a lua.

Tiramos os calçados e cumprimentados a areia soltinha, já seca pela chuva que já não aparecia a dias... Então notamos o brilho do luar que nos acompanhava, sempre linear em nossa direção, a cada passo que dávamos, o reflexo da lua nos abençoava.

São esses momentos em contato com a natureza que descubro mais sobre mim, e minhas ligações com o mundo. Talvez essa fase seja muito romântica, de certa forma as vezes deixo de pensar que seja apenas uma fase.

A tendência da vida é vir a melhorar, nos tornarmos maiores, e isso tem maravilhado minha percepção. Nada que palavras possam transcrever sobre o majestoso sentimento de ontem a noite...

É fato de que precisamos de pessoas pra viver, como sempre digo, mas é sozinho que aprendes o quanto é capaz, o quando você é Humano.

Muitas vezes eu fico a pensar que devo mostrar ao mundo o quando é bonito viver assim, sonhando e sentindo cada segundo e objeto natural. Noutras, eu me reviro do avesso e escondo as aparentes experiências; falo em enigmas, fecho portas.

Não esperei, nunca, que pessoas me dessem respostas sobre a denominação de um solo chamado Terra, uma atmosfera, depois dela, estrelas, satélites, planetas. Muitos acham que sabem, outros tem a certeza de que sabem. Mas eu não sei, não vi nada.

Só sei que essas perguntas novamente vieram a mim mesma, em minha mente solitária. Mesmo de tão longe, a luz da Lua conseguia refletir no mar, tão claramente poderosa...

É um enigma que se torna mais mágico por ninguém saber definir logicamente... o brilho, perspectiva, planos, cores... qual a ciência que explica a arte de um ser superior?

E os dias de sol continuam, e uma nova noite de Lua Cheia.

O verão já não está tão longe, e ainda tenho tempo de aprender a respeitar o frio do inverno, o presente que faz valorizar mais aqueles dias quentes...


Estou indo para minha casa amanhã pela tarde, ligar o cabo na tomada, por que essa máquina definitivamente acabou com a bateria...


Essa noite não consegui dormir, sonhando acordada com dias melhores, dias de artista. Tinha salvo no meu computador uma imagem de uma criança em preto e branco e imaginei-me nitidamente a pintando em uma tela pequena... então houve o momento do “quem compraria? Aonde colocariam o quadro?”... O erro de esperar reconhecimento acima de almejar o próprio progresso.

Talvez hoje eu pareça mais serena... talvez.

...Uma caridade que fiz a dois dias me encheu de luz no momento, mas ontem vi a pessoa que ajudei usando drogas, e ali, algo em mim morreu. Não esperava que se salvasse pelo dinheiro que a dei... apenas vi que como humanos somos fracos se não estudarmos nossos limites e descobrirmos em nós forças. Teríamos coragem ou interesse de estudarmo-nos se morássemos na rua? Teríamos capacidade de pensar, com a certeza de que não se come há dias?

Não culpemos nossos seres humanos, estamos longe de sermos perfeitos.


...A perfeição é o inexplicável existente diante aos olhos.


Paula Morais

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A tendência da Moda vs Tecnologia

Assistindo ao Jornal da Globo, com um tom de alegria, a Fátima Bernardes afirma, sorrindo: "Novamente o Japão sai na frente" (ao conceito dela, é obvio). As imagens começaram a rodar e eu parei para observar. Mais uma vez me veio a idéia de como a mídia faz coisas assustadoras virarem beleza e desenvolvimento mundial. Usam um tom magestoso que tranquiliza nossa humanidade, mascarando o fato de que estamos caminhando até a beira do abismo, se é que de fato já nao estamos.
Fibra de vidro e um mecanismo entrelaçado como cobras em época de acasalamento. Uma aparelhagem que pesa em torno de 8kg encaixado em suas pernas e braços. "É pra andar melhor, levantar mais peso, etc." disse o japonesinho orgulhoso portando aquela envergadura.
As milhares de ligações sanguíneas e aparelhos dentro de um corpo humano, suas capacidades mentais e, principalmente, Sentimentas, para o homem moderno já não é mais suficiente. Precisam, além de criar tecnologia, Ser tecnologia. Uma alma robótica?
Aquele texto na voz firme da apresentadora atrás das imagens do japones, sufocado por uma aparelhagem "Sensacional", exclama ela, estaria programada para ipnotizar as pessoas de "boas notícias"... me fez rir ironicamente... O mostravam levantando peso e andando em passos aparentemente espaçados em mesmos centimentros. Ele estava tão orgulhoso, mais uma vez um japonês no mundo se sente na frente! Um robo que a pessoa encaixa e sufoca o proprio corpo, e o sorriso no rosto... que ironia, que coisa estranha. Realmente, se estamos na moda, estamos felizes. Felizes...
De repente, eu tento imaginar o rosto e a feição de Deus, olhando para isso. O que faltava no ser humano? Tal egocentrismo a ponto de querer ser o que teve a incapacidade de criar para, no fim das contas, acabar com a capacidade de trabalhar por si mesmos. Depois de aceitar que máquinas o substituam, tomando maior valor que o milagre de se estar vivo e ter sentimentos, querer a todo o custo, ser um.
Não é culpa da jornalista Barbie e seu marido, Ken, a notícia ter sido levada por agradável. Quantas pessoas por dinheiro aceitam sorrir com naturalidade, assistindo a natureza humana descambar na desvalorização de se estar vivo. É tão obvio o fato de estamos vegetando...
Uns por dinheiro, outros por que simplesmente não querem enxergar, apenas ver, e sorrir. Como o mundo é lindo e as pessoas são inteligentes... estamos em constante "progresso". (?????????????)
Há os que digam que a Ásia foi o primeiro continente a descobrir tecnologia de ponta em função do ser humano. Já eu, depois de ver o japonês vestido daquela tranqueira robótica, continuo entendendo o por quê do continente sofrer com o maior índice de suicídio. Não se há muito a fazer quando os grandes te provam que até se vestir de robô você será obrigado e que, sendo só humano, você não é qualificado.

Parabéns, Japão. O Jornal Nacional faz os robozinhos daqui, menos modernos, engolirem a informação de que devemos ser como os robozinhos daí. Gostaria de saber aonde poderia encomendar minha Roupa Moderna, pois minha capacidade de pensar está ultrapassada...
Brindemos a Tecnologia.

Paula Morais

Abençoada; minha Mãe.

Fiquei pensando se existe força maior, algum sentimento transcendente. Nos ultimos dias tenho conhecido mais quem é minha mãe, e tenho estado afastada da minha irmã e meu pai. Sinto-me culpada, sim, mas consertar tudo faz parte dos meus planos de vida. É uma longa jornada, estou na porta, ensaiando o primeiro passo.
Para que todos vejam o quanto ocorrem maravilhas num mundo moderno, conheçam o milagre do reconhecimento, a genética milagrosa, a resposta de uma mãe, distante de uma filha.
Eu me orgulho... tanto. A resposta ao meu poema "Mãe".


Paulinha minha filha querida

Queria poder escrever pelo orkut, fazendo aqueles blogs lindos que vc sabe fazer...
mas não sei....sou burrinha ainda...

Mas eu li todos seus escritos e por eles percebo o quanto a solidão, a saudade, a falta da sua família está lhe fazendo...eu sei, que não está fácil...e isto me faz sofrer, porque sou mãe...e as dores dos filhos são nossas dores...

Como queria te proteger deste mundo cruel...queria que nenhuma lágrima escorresse por esse lindo rosto, mas por cada lágrima que vc deixa cair, saiba que são tres ou quatro a mais que escorre do meu...pq tenho que ver, sentir vc sofrer, sofrer junto, muito mais e infelizmente ver vc crescer desta forma....

Você é especial Paulinha, não somente por ser minha filha, mas pelo que pensa, pela sua sensibilidade, sua percepção de mundo...vc vai longe, pode ter certeza disso, e eu sei que estaremos juntas um dia....não é só vc quem está sofrendo, eu também querida, e quando chegar a hora certa de estarmos juntas, vamos dar muito mais valor ...a cada minuto...

Estou com saudades, mas quando leio as coisas que escreve, vejo o quanto vc está crescendo...se tornando LINDA de verdade...EU AMO VC FILHA AMADA....SEMPRE
e nunca...nunca pense que você está só...estou aqui, seu pai está, sua irmã...sua vó...tias....
e não se sinta abandonada...estamos aqui, e sempre de braços abertos....

NAO SOFRA TANTO, NAO CHORE TANTO, ACREDITE EM VOCE!
EU ACREDITO!
SUA MAE QUE A TODA HORA PENSA EM TI.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A Casa Parisiense


Depois de uma noite de sofrimento, ao amanhecer sou poeta.
Ninguém está livre de experiências desagradáveis, e ainda bem. O sofrimento é dolorido no momento, mas é o que nos torna merecedores de felicidade, valorizadores. Me dói tanto enquanto sinto, e me faz tão feliz ao aprender a mensagem,
É notável o quanto estou confusa com o que estou passando. Talvez seria exibicionismo chamar isso de Evolução. Apenas acredito que me sinto, a cada dia, mais decidida. Isso é estar melhor.
Enquanto sempre me diziam sobre o tamanho do sonho de se ser feliz todos os dias de vida, essa idéia sempre me foi estranha. Estranho o quando sinto que necessito de sofrimento.
Hoje eu caminhei com o meu portfólio na mão sem saber exatamente em qual quadra virar. Perguntei a algumas pessoas. Eu não sabia o que estava procurando, apenas gostaria de estar preparada a qualquer coisa que estava prestes a encontrar.
As pessoas ficam me observando por que eu provoco. Na frente do espelho eu faço uma arte nos meus olhos, me maquilo profissionalmente sem carregar. O bastante para parecer a mulher ideal. Necessidade de ser Completa. É tão pouco o que usamos para chamar a atenção dos outros. É uma pena que eles não possam ver nada mais.
Quebrando ruas, observando pessoas me observarem. Cheguei no salão de exposição de artes. Alguns carros estacionados e alguma movimentação entre a porta. Antes de virar a esquina que dá para a entrada, uma mulher passou na minha frente e entrou dentro de um Picasso, o que me fez imaginar que ela era uma artista totalmente inspirada. Olhei pra cima para observar as janelas laterais do sobrado, me lembrou a França, algo europeu. A sacada com adornos em ferro, arabescos. Tudo romântico, exalando uma magia curiosa. É definitivamente um lugar artístico.
Entrei então pela porta sem que desse tempo de sentir medo; evitei pensar. Haviam alguns homens conversando entre si, salas vazias iluminadas de luzes baixas e com quadros abstratos na parede. O clima era de mudanças, haviam pessoas retirando quadros e conversando. Alguns jovens estudantes, e um senhor de cadeira de rodas, sem os braços e pernas. Me voltei a ele, e pedi:
- Gostaria de conhecer a exposição de vocês.
O telefone tocou; alguém pedia por aulas de desenho. Bom, eu estava ali. Mas antes de mim, talvez a alguns meses, outra pessoa chegou antes.
Haverá então um coquetel de abertura de uma nova exposição chamada “Alegria” e a cerimônia de divulgação de um livro. O senhor de cadeira de rodas me informou, e me convidou para participar. Resolvi voltar a meu interesse.
Abraçava o meu portfólio, e todos os homens não entendiam direito o que eu pretendia até eu perguntar se no lugar se ofereciam curso de desenho. Se olharam, e eu estendi meu braço e delicadamente pedi para que olhassem meu trabalho. Estive tentando me encaixar ao mundo, as pessoas, ao comércio. Mas, infelizmente, nasci artista. Eles concordaram, e melhor, entenderam. São artistas.
Obviamente estava nervosa, e eles sem tempo. Começaram a folhear minha pasta e elogiar meu trabalho. O senhor na cadeira de rodas me reconheceu no auto-retrato. Talvez eu tenha sido fiel a mim e a regra, profissional.
O barulho, pessoas passando, telefone tocando, mostrou que talvez não fosse um bom momento e eu pudesse ser impertinente. Meu dom ao meio da bagunça poderia ser uma perca de tempo a eles e rapidamente seria despencada. Eu preciso viver, preciso ser artista. Entreguei meu portfólio. Disse para ficarem e depois voltaria buscar, talvez amanhã. Pedi para que me lessem, me estudassem, com carinho. Ele disse “sim, veremos com carinho, e encaminharei pra responsável”.
O que me deixa contente é que eu estou naquele portfólio, há muito sobre minha essência. Há textos, currículo, diplomas, dramas e agonias, felicidades e alegrias. Será que nem no meu meio serei valorizada? Se eu não for, não faria absolutamente nada bem, e além de tudo, seria uma péssima artista, mais uma.
Agradeci, sorri, saí.
Os homens me seguiram com os olhares até eu deixar a casa do tipo francesa. Tirei meus pés da Europa e voltei pra casa, sorrindo. Feliz só por que saí de um lugar onde havia quadros na parede e o nome “Cultura” em cima da porta. Andei duas quadras em direção ao mar que já estava me espiando desde que entrei no museu, por entre os prédios, curioso pelo resultado. O cumprimentei, observei, andei até em casa ao lado dele em passos lentos.
Os prédios já haviam privado a praia do Sol. Observei os pombos, as pessoas, areia, céu. De um lado da calçada a vida enclausurada em grades de consumismo, e no outro, a maior naturalidade e pureza da verdadeira beleza. O mar calmo, o céu azul claro, lá de longe havia tanto a se estudar. Antes de virar na rua de casa, escolhi um banco vazio. Estava sem minha pasta.
Comecei a pensar em como seria bom ter um papel e um lápis, como seria bom se eu pudesse desenhar aquela imensidão. Tentei me afastar ao máximo daquele pensamento que nos bloqueia a admirar por virtude da rotina. Observei a ilha como um todo, o topo do morro do final da enseada. As arvores que jamais havia notado. O céu, que parecia beijar o mar. Navios ancorados e barcos, longe da costa, longe do consumismo, ainda no mundo. Parecia impossível.
Vinte minutos se passaram. Antes havia visto crianças na areia, brincando depois de terem entrado no mar. Senti falta de ser uma criança, de entrar no mar mesmo no frio, não temendo se outros entram ou deixam de entrar. Me veio uma vontade natural de ser natural. Estava a tempos tendo que me engolir e vestir de ser humano usual.
Observando a vida, o estilo de vida, me veio um esgotamento e levantei. Apressei o passo, fui pra casa. O mar deve estar decepcionado comigo.
Tudo foi diferente hoje, o céu e o mar estavam indescritíveis, de beleza infinita. Andando na rua eu pensava “Meu Deus, obrigada. Que dia maravilhoso!”.
Ontem eu percebi algo que Ele gostaria que eu percebesse então me presenteou felicidade para o dia de hoje. Deixei por um momento de me sentir esquecida, mesmo sabendo que não fui, não sou e não serei.

Por um segundo não desisti do mar. Da independência, da oportunidade. Por um segundo minha força não foi suficiente, e imaginei meu sorriso perfeitamente perto da minha mãe. Tudo pareceu mais fácil na imagem que desenhei em minha mente, longe daqui.
Olhando para o mar, me desculpei.
- Hoje, quase desisti de você.
Triste, mesmo com o sol brilhando animado no céu. Ondas quietas, como se sem objetivos, sem esperanças. Desiludido. Como se sentisse que eu estivesse o traindo. Procurei não olhar muito para ele, não pisei na areia. Observei uma moça passar com os calçados nas mãos e os pés na água, fiquei a admirando.
As pessoas aqui têm nojo do mar, poucas pessoas o tocam, o sentem. Todos dizem “o mar é podre”. Aquela moça e eu temos algo em comum. A podridão é maior desse lado da calçada.
Como podem imaginar podre aquela imagem? Ele é um ser, humilhado e talvez podre por nossa causa. Sujo e poluído por propriamente quem o chama de podre. O ser humano é mesmo de uma ignorância e de intolerante autoritarismo, o exibicionista que abraça méritos de um Deus. O ser humano é a perfeita imagem do Regresso. A maior parte deles.
A praia que se assemelha ao paraíso intocável se deu fim quando as primeiras pegadas de um egoísta marcaram-se na areia. Aqui ele construiu vícios, conceitos pútridos e consumismo compulsivo. Aqui ele deixou seu rastro, e hoje, aqui ele chama de Podre.

Reza por mim, tu.
Deus olhe por mim.
Permite-me finalmente ser eu e, em paz, encontrar sentimento.
Permite-me finalmente ser eu e casar com a minha alma, respeitando-a e aceitando-a para a eternidade.

Mãe

Percebe-te infeliz? O que te faltas?
Mãe. É a quem eu chamo aquela que me guarda dentro no útero mesmo que mundos nos distanciem, por que zela, cuida, e reza. Não achas que eu tenha esquecido de ti quando ouço La valse d’Amelie!?
Quisera eu lembrar do primeiro colo, primeiro cheiro, primeiro abraço e dos cuidados. Como me olhavam como um ser novo nesse mundo... Como posso eu ter chego assim, de você? De dentro de uma fortaleza? A minha alma agradece ao meu anjo que me deu vida a cada segundo que se passa ao considerar-me viva. Só você poderia me dar algo que jamais, ninguém comprará ou venderá. Não existe comércio para os milagres.
Não existe comércio para o Amor.
Confio em nada, pois confio tudo o que sinto a ti, só a ti.
Ao Amor não conhecerei, pois conheci o teu, e depois dele não há.
Não deveria esperar-te ir embora, ver partir, para notar o quanto tu me faz falta. Meu porto seguro, minha artista, minha fonte do dom meu.
Minha mãe, por que só me sinto segura nos teus braços? Por que só o teu amor é o maior do mundo? O que te fez me amar tanto assim?
Eu não tenho nada, o que tenho é nada. Não sei o que usar para agradecer algo que não comprei, algo que não pedi, e foi me oferecido, e presenteado. És a única que me amas sem esperar algo em troca.
Me deste um milhão de chances de ser feliz estando em algo chamado Vida, o que também me dera. E além de tudo me deu a chave, a porta e o caminho adentro, o DOM. Fabricou minhas mãos e dentro delas, o Dom.
Sei desenhar teus olhos sem precisar olhar pra ti, teus cabelos, teu sorriso, teus braços, por que sou você. Vejo você, o espelho me mostra. Meu orgulho é ser sua semelhança, a beleza em mim são os traços seus.
Como poderia te pagar?
Como posso me redimir dos tantos erros?
Estou longe no meu porto, um barco perdido, navegando solitário, sem tripulantes, sem velas. Vejo o mar, mas não meu farol. Meus remos são dois lápis de carvão, alimento-me de inspiração vazia. É como comer sal e trigo em água. Longe de ti, não sei mais fazer brilho nos olhos da moça ao luar, não consigo mais reproduzir movimento ao corpo da guerreira. Meus dedos não me obedecem mais. Meus dedos nem me reconhecem mais... Algo aqui morreu.
La valse d’Amelie.
La Dispute.
Comptine d’um Autre Ete...
Ouço a trilha e sonho com um bem material sem a função ao ego. Apenas quero um espaço de teto alto, janelas compridas, grandes, vista para o Sena. Cortinas leves de seda branca que todos os dias, o dia todo, dançam para nós duas. Mil telas e mil tubos de tintas. Duas camas grandes de ferro rústico e torneado. Guarda-roupas de madeira maciça dos anos 30, e coleções espalhadas, Goya, Rembrandt, Renoir, Delacroix, Dali, Michelangelo. Um quarto grande a vazio, onde poderemos dançar clássicas em um toca disco, Bossa Nova e Blues, com pincéis e paletas nas mãos. Passagem sem volta para as viagens eternas da mente, espírito e coração.
Eu aceito teu cabelo assim, tua calça assim. Mesmo que você não use mais o vestido godê roxo de cintura apertada com gola grande, você é a mesma. Você não envelhece, você é eterna. Você é linda.
Você é uma imperatriz, linda como a Maja Vestida de Goya.
Eu não durmo mais, não como mais, não sorrio mais. Eu bem choro.
Eu vivo assim. Por viver sem trajetória, sem força, sem fonte de energias, sem ligações que me trazem inspirações, sem cordão umbilical.
Faço apenas poemas, inspirada pela saudade; nostalgia mórbida.
Faço desenhos sim, mas não termino. Estou a construir uma cidade de edifícios onde me domino pelo medo e só construo até o segundo andar, onde não é tão alto e exigente. Largo a pá e cesso a força, desisto de mais uma obra e começo outra em altura segura. Não sei mais o que fazer, não sei o que esculpir. Não sei mais segurar meu lápis, não sei mais quem sou.
Agradeço ao sofrimento por me inspirar destas palavras. Agradeço. Descobri o que significas Tu, Mãe.
Madre mia, mi puerto...
Então existi eu pela primeira vez nesse mundo em um dia de verão, 11 de janeiro de 1989. Desde então, minha razão. Minha razão, poder ser sua obra de arte, seu quadro pintado, o qual você mais investiu amor e dedicação. Quadro esse não terminado em dois ou três dias como você hoje faz. Esse só terminará o dia que eu já não mais existir.
Não sei pintar, não sei usar cores, não me abandone e se dedique a mim até que a obra esteja terminada. Michelangelo terminou a capela Sistina.
Mãe, vida reprodutora. Agradecer-te-ia com a minha vida. Morreria, sim, sem medo de dizer, por você.

Meu poema mais sincero dos sinceros, é teu. É para ti.

Paula Borges de Morais

Hoje, Conversei com Deus


Sábado, 1º de Agosto de 2009;

Na tentativa de encontrar um traje perfeito para irmos até o Porto Santo, entramos em pelo menos cinco lojas. Minha parceira de apartamento talvez tenha sentido a necessidade de ser olhada duas vezes pela mesma pessoa, ou por várias pessoas. Tinha nevoeiro, e depois de muito andar, as lojas começaram a fechar, e não havíamos encontrado nada como nos nossos sonhos consumistas. Não imaginaríamos que uma luz nos apareceria antes de chegar em casa.
O propósito era alimentar nosso ego, nos sentirmos maiores da forma mais fácil e ilusória existente. Sem sucesso, na volta o caixa eletrônico do banco ainda estava aberto e a Aline precisava depositar dinheiro. Eu, que não iria comprar nada, voltei pra casa da mesma forma que saí. Já ela estava frustrada. De costas a entrada do banco, senti levemente uma mão no meu braço. Uma senhora de aproximadamente 60 anos, cabelos brancos, sorriso tranqüilizante, óculos de forte grau, vestida de um casaco cinza mesclado com bege, em lã trançada, e calçando um tênis branco e limpo do tipo Olímpicos dos anos 90. Era uma peregrina, e eu não sabia.
- Com licença, moça. Preciso de ajuda, e vocês duas me inspiraram confiança (...) poderiam me ajudar a depositar um valor em dinheiro para esta conta?
Pelo sorriso encantador vindo dela, tentei ser útil, mas muitos anos evitei saber da parte burocrática das coisas por achar ignorância dos outros, ou por pura ignorância minha, e nem sequer poderia ajudá-la sozinha. Chamei a Aline, que estava virada pro caixa, depositando. Ela terminou e veio nos auxiliar.
A Senhora tinha uma grande bolsa, de onde tirou um caderno pequeno tipo agenda de telefones azul marinho, repleto de anotações em caneta azul, e delicadamente buscou por uma informação. Eu olhava atentamente. Mesmo que parecesse estranho, eu a admirava em todos os seus detalhes. Ela parecia um livro, transbordando experiências.
As mãos eram marcadas, como o rosto. Elas procuravam lentamente naquela pequena agenda já amolecida de tanto ser folheada. Com um sorriso sempre no rosto, ela estava brilhando, e eu não conseguia entender o por quê, mas sentia os raios sobre mim. Me acalmava, estar perto. Entre um sorriso e outro, ela cantava algo que dizia “Deus é bom(...)”. A Aline parecia meio inquieta por que estava passando o tempo e ela não encontrava o que procurava na agenda. Eu, depois de observar tal impaciência, sorri, encostei meu braço direito na mesa alta do banco, e fiquei paralisada, ouvindo as cantigas.
- ÓÓlha meninas, Deus é bom! Deus me mostra em quem eu posso confiar. Ele não me permite aproximar de pessoas do mal, pessoas falsas. (...) Deus tem um propósito a nós (...) Por isso temos que dar o testemunho, temos que falar Dele, agradecer, por que ele é tão bom! (...) Sou apaixonada por Deus!!!
Era tão calma, e transmitia tanta informação. O que ela procurava era o numero da conta da pessoa a quem mandaria, o que logo então encontrou. Preenchemos juntas o envelope para o depósito do dinheiro. Ela escrevia lentamente com letras caligráficas, atenta aos detalhes para não errar. No fim errou algumas coisas, mas admitiu que não seria problema. Caminhamos juntas até a máquina para fazer o depósito. Ela era tão pequena que não alcançava a altura dos nossos ombros. Eu e a Aline, uma de cada lado, parecíamos as guardiãs da pequena senhora, talvez dois anjos, como ela mesma ficava a dizer a todo o momento.
- AH! Meninas! Vocês são Anjos que foram enviados por Deus pra me zelar e nada acontecer de ruim a mim enquanto eu lido com isso.
Terminada a missão, ela gentilmente pediu se poderia concluir o pensamento dela sobre Deus. Não olhei para a Aline porque seria como um “não” àquela pequena senhora. Mesmo que houvesse pressa, eu estava encantada, e nada me esperava; pelo menos nada mais significante do que aquelas palavras.
- É Claro que a Senhora pode... Por favor!
Ficamos mais dez minutos ouvindo, e tive a incrível sensação de que se há um Deus, foi Ele quem me enviou aquele Farol para dizer que está com saudades de mim, e que gostaria que eu voltasse pra casa, ao lado dele.
Ela então contou que foi ao Egito, e duas vezes visitou o monte Sinai. Com tanta humildade que me fazia me sentir em casa. Disse que estava em Camboriú por causa de uma convenção relacionada a religião, e era do Rio Grande do Sul, estava em um hotel junto aos outros da excursão. Tantas coisas foram ditas, mas as palavras dela eram tão doces que eu, na minha imaturidade e ignorância, não consigo imitá-la, reproduzi-la. Aqueles olhos pretos por detrás daqueles óculos antigos de lentes grossas, o casaco bem fechado, a bolsa no ombro e as mãos pequenas juntas. Deus mostra que existe em forma de humildade. Meus olhos assistiram a aparência dela, a sua fala, a sua calma e seu jeito. Dizia que Deus teria um propósito para mim, de um jeito que me convencia. Enquanto ela falava, subitamente meus olhos se encheram de lágrimas, era como se estivesse de volta pra casa, perto dele.
Senti uma emoção enorme, e notei que meus olhos para ela estavam claramente cheios de lágrimas prestes a desabar, então ela me veio abraçar, muito sorridente. Não senti repulsa, não notei cheiros ou textura de cabelo, qualquer coisa do gênero. Senti como se estivesse abraçando alguém da família, uma tia próxima que não via há algum tempo. Alguém com um vínculo muito maior do que um simples estranho, o que ela era, mas definitivamente não parecia.
Me joguei calmamente no abraço dela, e falei várias vezes que ela era iluminada. Confessei que havia estado longe de Deus, e que estava querendo resolver minha vida, achando que era racional e forte o bastante para fazer isso sozinha. Andamos com ela em passos lentos e mãos no bolso, concentradas na continuação da conversa, até encontrar o hotel onde a deixaríamos. Tentei ignorar o barulho dos carros, a poluição, pessoas entregando panfletos, música sertaneja no último volume, luzes e letreiros, promoções em cores e letras assustadoras nas fachadas das lojas... E aquela pequena pessoa do meu lado, com uma concentração que parecia intacta. Parecia surda e cega a essa ilusão, ignorância urbana. Para ela, parecia que ouvir aquilo e não ouvir nada era a mesma coisa.
Confessei mais várias coisas a ela sobre mim, e contei que era artista plástica. Quando ouviu isso, ela pareceu entender muitas coisas. Fez um Ar de: “Hum, está explicado”. Devo ter deixado perceber que tenho todos os sintomas de um artista; sempre irritado com a pobreza de espírito das pessoas, perdido num mundo onde jamais conseguirá se encaixar ao conceito “Normal” e formal.
Ela é formada em História, além de toda a experiência de vida que ela carrega dentro de um metro e meio de altura. Percebi que a mente da gente é uma oficina, e é você quem escolhe a quem quer servir.
Deixada no Hotel, continuamos nosso caminho até em casa. Nem eu, nem a Aline, comentamos algo ou dizemos uma só palavra sobre aquela senhora. Eu estava estudando o meu novo sentimento de que algo havia mudado na minha vida depois dessa conversa instantânea com aquela pessoa. Não parei para pensar se a Aline havia sentido alguma coisa parecida, mas tive certeza que não quando passamos por uma loja e ela disse:
- “Um dia eu vou ter dinheiro pra comprar essa loja inteira”.
Só espero que Deus seja com ela tão bom quanto foi comigo ao presentear discernimento, mesmo que ela esteja longe dele, como eu estive.
Os planos eram ir ao Porto Santo, antes de toda essa viajem acontecer. Fui ao monte Sinai, ao Egito, ouvi uma orquestra de anjos, li a bíblia e abracei Deus. Depois de tudo isso, de repente a balada deixou de fazer sentido, e, na porta de casa eu disse que talvez fosse melhor não sairmos mais. O melhor do dia já havia acontecido, e já não havíamos mais a que procurar. Então, ficamos em casa.

Às do estilo Nova York...
“...O mundo aqui é da cultura do Maior. Estar aqui é prova de fogo... você precisa provar a si que a mente é maior que o corpo, enquanto aos olhos isso se mostra o contrário. Aqui, as pessoas comem o melhor, dirigem o melhor e vestem o melhor, mas estão longe de se sentirem melhores”.

Paula Borges de Morais