domingo, 16 de agosto de 2009

Declaro-me Artista

Sejamos nós o ápice de capacidade como seres humanos, profissionais, controladores do nosso cotidiano, manipuladores de nossa rotina; considerarmo-nos auto-suficientes... Jamais nos sentiríamos completos sem que ao nosso lado esteja, pelo menos, um ser humano. Nascemos para descobrirmo-nos ao espelhar no próximo... e é assim que se transcorre a Lei da Vida. Crescemos e caminhamos de mãos dadas aos semelhantes, mesmo que incapazes de isso enxergar.
Nesses últimos dias estive pensativa e dei um tempo aos escritos... Talvez esteja pensando complexidades extremas que não possa, por falta de maturidade, transmiti-las em palavras. O fato é que venho me emocionado com o papel que alguns seres humanos têm se desempenhado em minha vida.
Também me é, de certa forma, irritante que a vida seja extremamente enigmática, em fases, que me obriga a ser passiva. Mesmo que saiba que Deus me assiste inquieta, Ele sabe que isso me é incrivelmente necessário, para que continue tendo motivos para satisfazer as minhas dúvidas, e persistir.
Hoje, fiz meu sepulcro, abençoei-me, e me despedi, deixando o Eu de Ontem na porta do Instituto de Belas Artes e Eco-Formação, de Balneário Camboriú, e nascendo novamente ao meu primeiro passo adentro. Foi uma experiência única, me assistir ao renascer.
Hoje, agradeci a Deus por ter me dado olhos que se emocionaram ao tocar as Obras de Arte de uma pessoa que está além do simples complexo humano... De um mestre. Em silencio, encontrei o momento que há muitos anos tenho esperado; a paz e o harmonioso encontro com a própria Alma.
Veio-me então a curiosidade ao Cósmico Infinito Artístico, tal qual me roubara os olhos e a consciência lógica. Nem mesmo pude notar o tempo que se passou. Enquanto estava sentada, a cada pintura em tela que meus olhos tocavam, era uma janela que se abria àquele mundo que tanto me traz o sentimento de estar aos braços do meu lar; então que faça sentido àqueles abençoados de sensibilidade. Sou grata e não vejo limites a esta gratidão.
Maria Glória Dittrich é o nome que foi dado no momento em que esta pessoa existiu ao seu primeiro momento nesse tempo físico chamado Vida. Pessoa esta que parece reproduzir seu próprio nascimento em suas telas, por trazerem tanta vida e transparência... Evidente que a sua existência é vivida em plenitude.
Alguém que soa como a música do piano, a música clássica que se denomina música para alma. Nome este que hoje não me saiu da mente... que denomina a pessoa de um poder sobrenatural, a quem eu dedico meu feliz sepulcro a porta de seu instituto; feliz pois a mim não deixei morrer, e sim, meus piores erros enrustidos.
Maria Glória tem um poder que de nada tem a ver com ditadura. O poder de transformar, transpassar, e transcender. Em cores, formas e movimentos, ela criou o seu Português, a sua forma de conversar conosco, o mundo. Ainda que ela nos tocasse apenas com suas obras, bastava... porém, ademais é a Artista das Palavras, e faz obras de arte com o poder da fala, sabe essencialmente Dizer, e não apenas falar. É como a que nos cuida como terra, e planta então ali sementes da Emoção; eu aflorei lágrimas, uma resposta do meu corpo físico, respeitador e fiel a minha Emoção.
Descobri que algum dia de minha vida, quem sabe ao nascimento, meu corpo casou-se com a Emoção. De tal união, nasceu uma artista, que considera a sorte da facilidade de expressão. Milagre este que olhos enxergam, levam a Sensibilidade a qual o vive profundamente, e carrega até ao corpo físico novamente, trazendo aos olhos as lágrimas e arrepios.
O silêncio daquele lugar, eu contemplava. As paredes eram pintadas à cor de Paz, no ar pairava a Inspiração. Sentei-me a frente de um quadro e atentei a detalhes. Como poderia este mundo, um mesmo mundo, carregar nos braços a guerra e a arte? Como podem os guerrilheiros olharem para cores da natureza e a beleza de um ser humano sem que se deixem envolver pela magnitude? Como as mãos que matam podem ser as mesmas que fazem nascer? Nascer a Arte. Nascer da Arte. Produzir... qual seria felicidade maior?
O ser humano lá fora pouco conhece sobre essa imensidão.
Meu corpo estava sentado em uma poltrona de um teatro chamado Vida. A peça: Arte. A atriz principal: A fundadora, pensadora, psicóloga, amiga, madrinha, Artista, guerreira, sábia, Maria Glória. Inspiração, a força; agora a porta está aberta. Glória, sim, aos dias que me trazem pessoas, estas que me guiam, estas que me encorajam, que dão cor a minha arte, movimento ao arcaico estático. Glória ao poder do destino; ao poder da estrada que nos leva àqueles que nos presenteiam a Luz. A Glória do espírito.
Dali, de um ser humano que poderia ser pouco como muitos, veio coragem, inspiração para passos certos. Para aceitar a mim mesma, vencer medos. Preciso dos seres humanos, mesmo que venha a acreditar, um dia, que sei praticamente o suficiente. Na lei da verdade, que jamais me venha o pensamento que aprendi o suficiente. Estudaria então a vida dos monges do Tibet, criação de pérolas na Indonésia, a existência de vida após a áurea terrestre, ou após a morte. Enquanto estiver vida, que eu saiba que infinito é o espaço dentro de mim para do mundo e de outros seres humanos aprender, vivenciar, sentir, amar. Quero fugir, sem fingir, do que me empobrece a alma. Quero me aceitar... agora estou mais forte para tal. Agora, é o momento em que devo me vestir do que realmente sou. Reprodutora do intocável, amante Humana, apaixonada pelas cores e inspirada mesmo que pelo branco infinito. Quanta vida e sentimento ao espaço de 3 horas. É um choque, animo para um artista que vivia o antigo perigo de fugir de sua própria identidade por pura conveniência material.
E assim, assisti meu renascer...
Foi então nas cores, movimentos e dimensões que minha alma sentou para o descanso mental, a Paz. A imensidão do universo artístico transcendia os limites planos das telas e corriam para abraçar-me, deitarem ao meu lado. Conversei comigo mesma, parecendo ali assistir a mim, desnuda de carne e ossos, de significado transmitido incrivelmente por apenas tinta, uma pigmentação que a muitos é lógica, que a mim é a cartola, a cartola de Glória, onde toda a mágica se inicia.
Assistia naquelas telas como se fosse eu, eu dentro de mim. Eu, essência.
Depois que meus olhos cansados assim envolveram o panorama Consumista social, a vida sem vida, da porta do instituto afora, encontrar aquele universo vivo em um espaço físico era como estar na porta do paraíso, contemplando-o.
O momento em que apreciava sua obra foi único, e ainda recebi tantas palavras iluminadoras. Hoje ganhei um dos grandes presentes da minha vida, daqueles que ao receber temos a certeza que jamais seremos as mesmos.
Aos que acreditam na lógica, basicamente estou mais inspirada, determinada, forte e valente, mas, acima e mais importante do que o todo... Hoje, aceito-me e declaro-me Artista.

Queridos Amigos...

Eu digo a minha consciência, tantas vezes antes de dormir: Sou uma mulher de Sorte. Sou abençoada; uma pessoa feliz, por, tão nova, poder estar conhecendo o artístico e filosófico lado da vida.
Ser quem sou, tem atraído grandes e mágicas alegrias, das quais a alguns meses atrás eu pouco imaginava que teria a honra de senti-las. Por isso, é hoje que lhes digo: conviver aceitando-se diferente do resto do mundo, te aproxima de outras pessoas que também lhes é fundamental ser Essência, e esse encontro lhe dá o alimento para vida. Ao vazio da alma, dá luz, cor, vida e paz.
Agradeço a Deus pelas oportunidades nessa minha caminhada, e que tão prematuramente tenho visto o significado real e puro do que se chama Vida. Grande Sorte a minha, por estar conhecendo pessoas e histórias de vida que me inspiram a Arquitetar a minha vida e ser dona de mim, dona de meu sucesso e reconhecimento. Eu sou a principal responsável pelo o que sonho, e obviamente devo e vou lutar pela minha Razão de Viver. Lutar pelo meu dom, e, com amor, trabalhar em função daqueles que precisam acreditar nesse universo infinito do Ser e Existir. Me entregar à minha causa, ao mais profundo que habita em Paula Morais.
Satisfação infinita, o poder de vivenciar sentimentos e alegrias e descobrir forças na sabedoria e humildade das pessoas que estão surgindo nessa minha estrada.

Agradeço pela Luz e Força que me vieram a partir de um ser humano.
À Maria Glória Dittrich.


Estudo de Michelangelo, a Capela Sistina. De Paula Morais.