segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Estereótipo Musical

Uma semana que venho fugido de sonhos, daquela Analítica. Afinal tem sido menos difícil não se pôr a pensar... Ainda que pareça que esteja vegetando. Acredito nisso. Fujo com uma trilha sonora...
Usemos então a defesa “É nossa cultura” para defender a pobreza da música comercial: O pagode e o sertanejo atual.
Confesso que adoro músicas de tema “Amor”, mas algumas vezes o significado da palavra é completamente confundido. E aí, tem que engolir, minha gente inteligente!
O desejo (paixão, aos que assim acreditam) é o assunto que mais têm movido o mundo nesses tempos, com o comércio completamente voltado pra isso, o sexo. Não há necessidade de narrar letras de músicas, por que acredito que todos já conheçam “O Pimpolho” ou “Vuco-Vuco”.
Pra mim, é assustadora a forma que, rapidamente, o público jovem adepta-se a isso. E aos que adoram essa “cultura brasileira moderna”, me perdoam se admiro tanto a música clássica européia. O fato é que, em 2009, não se sabe mais se o Brasil tem uma só cultura. É como uma luta entre a boa e velha bossa e o lixo comercial pagodeizado.
Que me chamem então de estúpida, ou até capitalista por olhar mais o luxo europeu do que o lixo brasileiro. Mas, lembra-te que capitalista é aquele que respeita regras populares que lhes bendizem o luxo e a modinha, não aquele que rebusca classicismo perante uma longa história de estudos. Existe uma intriga... Sinceramente, enquanto Mozart levou uma vida para ser um pianista, um moderninho desses levou uma noite de balada somada de muita insanidade para criar a “nosso inspirador Vuco-Vuco”.
Perdoa-me, se não valorizo por tantos anos na estrada lutando pra ganhar teus trocos, mas isso não significa que o que você faz é bom e cultural, talvez seja o motivo por tanta dificuldade. Você não passa de um alimentador ao bicho “Ignorância” da modernidade jovem.
Sinceramente, chega a ti aquele momento que começa a te arder os ouvidos com certas besteiras jogadas na mídia, que cai na boca desse povo inocente.
Muitas pessoas já me disseram que sou muito complexada, cheia de regras, e chata. Felizmente a ti, te dou a liberdade de me declarar o que quiser. Antes, respeito a mim mesmo; é que minha consciência já teve tempo para aprender como peneirar e deixar passar o que me é informação construtiva, e segurar afora o que é decadência.
Aprendi que, para gostar de certas modernidades, você não pode estar apto a Pensar. Se existisse um pingo de raciocínio lógico, talvez o Pimpolho, o cara bem legal, não existisse.
As vezes me questiono. O escritor destes gêneros são muito ignorantes para não ter capacidade de criar qualidade, ou são inteligentes para saber que o povo está mais é viciado em pobreza de espírito. Afinal, o que mais se preza hoje, até com arte e música, é o maldito dinheiro.
Estivemos em um show de musica sertaneja, pelas clássicas, e pelos velhos tempos. O que não pensei é que nos velhos tempos isso até me era bom, mas hoje eu estudei e conheci muita coisa melhor. Não me desce...
Então, percebi mais uma vez que vou mais nesses lugares para notar as atitudes impensadas dos outros do que curtir... infelizmente, não consigo mais cantar algo que eu não vejo fundamento, e O que será que Tom Jobim está achando disso tudo? De mim, é Tchê... como é que eu vou gritar absurdos se já aprendi a anos que aquilo ali é um absurdo? Isso é ilógico.

Aí lembro... que saudade do tempo onde música era Música.
Aquelas brincadeiras com a minha família unida, quatro pessoas em uma cama de casal, brincando de palavra chave. Dizíamos uma palavra de uma música pra alguém adivinhar qual seria...
Que saudade desse tempo em que nenhuma música degradante não nos vinha atordoar a mente.
A velha música que traz sentimento, que atrás da melodia, a voz que faz os olhos se fecharem... Lembram então um paraíso ao final de tarde, o barulho do mar acariciando e moldando as rochas, os barcos no fim do horizonte. (Sting – Fields of Gold). Aos baladeiros de plantão, tentem um Chillout ou Soulful.
Quem me conhece, sabe que gosto muito de música latina; a salsa, mambo, bachada, merengue... E, quem sabe mais, entende que a cultura latina tem o sabor de sua comida. As letras envolvem-se a sedução ao prazer, o que indica o Brasil e seu Samba. Porém, visto que sou brasileira e defendo-me como Índia nativa, o samba é vinho, e o Pagode, a rolha, o samba vulgarizado, rimado e comercializado.
Que aquele “Tico-Tico no Fubá” não morra! Que assim seja, ao samba raiz!
E a bossa-nova, é claro que gosto da minha cultura. Mas, se falando em música provocante, o brasileiro costuma vulgarizar.
Os lançamentos da musica latina se difere aos da musica brasileira. É escancarado o desespero do brasileiro pelo sucesso, e a tranqüilidade cultural do que respeita suas raízes, antes do dinheiro. (Wisin & Yandel – Abusadora).
Ainda que esses dois rapazes tenham o tipo sem-vergonha do brasileiro, eles são bons em seu ritmo e combinação instrumental. Como o próprio Arcangel, em “Pa’ que la pases bien”. É o que ativa qualquer um, diferente de pacatas musicas pra dançar, a que todos por aí ouvem.
Bom, mas a pobreza é algo que os ricos têm certeza que fogem, mas estão muito enganados. Todo mundo sabe que pobreza não indica apenas ao capital.
Ninguém está ileso e livre de ser pobre, até aquele que ganhará 10.000 reais por mês até morrer. Estamos jogados ao mercado como produtos populares ou animais acessíveis. O que é jogado dentro da jaula é digerido, até essa porcaria musical moderna.
Hoje eu até me assustaria se chegasse a um lugar onde todos estivessem gritando a letra da “Drive”, do Scorpions. Aqui, isso seria impossível. Ah, meu Brasil, amo nossa natureza e nossos bichos coloridos, mas sua gente está ultrapassada demais, acreditando ser ultima geração.


Pare um pouco e reflita o que você põe na boca.

A música que a você canta é obviamente parte de sua personalidade.
Cuidado com isso. Estude o que você está cantando, pare de copiar a boca do outro e mande no que você gosta. É parte de você.