quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A Caminho

Como sempre, a companhia de uma boa música, e eu volto a lhes falar.
Nesta terça-feira, como quase sempre analisando o fator “vida”, confessando assim me sentindo novamente impotente perante o único espaço considerado Infinito.
O Discovery Channel, como sempre têm feito, trouxe alguns minutos de luz ao meu cotidiano rotineiro, e novamente eu me coloquei a questionar a existência de todo e qualquer ser vivo ou inanimado, e que surpresas nos aguardam lá fora. Poéticos momentos que, para muitos, é se dar ao luxo. Para mim, muito básico para ser luxo! Todos deveriam sofrer desse meu vício...
Enquanto há vida aqui dentro... Os carros estão cruzando as avenidas, as pessoas entram nas lojas e escolhem o melhor modelo para a silhueta, as fábricas aceleram-se na produção de matéria prima para tentar satisfazer o insaciável. As noites vêm, as pessoas acendem as luzes, chegam do trabalho, assistem a Rede Globo e àquelas novelas, pedem pizza por telefone... tudo é logicamente tradicional, humano. Mas, nem tudo que é humano é racional. Isso, modernidade, definitivamente não é. Por que a modernidade implica-se a criar qualquer coisa afim de entreter você, para não ser deixado pra trás perante concorrências ilusórias e confundir a cabeça de todos que aquilo seria grandiosidade. Boa tentativa, mas aprende-se um dia a ampliar a visão e olhar por detrás desse muro manipulador.
Em 2004, o mundo parou para observar a catástrofe natural Tsunami, na Ásia. Fato que, não pra menos, horrorizou de perto ao bicho assassino Humano, que há muito vêm deteriorado seu maior patrimônio. Aos que sofreram os danos e estão vivos, trazem suas dores até hoje, e merecem méritos de Heróis por sentir nas costas o peso do pecado de toda uma humanidade.

(E, um minuto de silencio em respeito às Vítimas do Tsunami, por sermos culpados pelo seu sofrimento e responsáveis pelo óbito ao contribuirmos dia após dia à destruição do planeta. Muitos findam a vida, o ar, a natureza, mas são poucos os que ocasionalmente pagam por tudo isso).

O fato é que o fenômeno natural tomou toda a atenção enquanto, do espaço, também uma catástrofe se aproximava. Estaremos então cercados de más notícias. Mas esta seria de máxima importância.
New York Times, 2004: A Nasa anuncia, coincidentemente no mesmo dia do Tsunami, a presença de um corpo cósmico na rota terrestre. Apophis, um meteoro previamente catalogado como 2004 MN4 , estaria vindo em nossa direção.
Mesmo que impossível definir em quantos anos isso aconteceria, a certeza dos cientistas é que, se fossem previstos 10 anos até a colisão, não teríamos tempo de se precaver de tal impacto e, simplesmente, o único a fazer seria esperar pelo fim de tudo o que um dia foi vida, sistema, atmosfera; o fim do Planeta Terra.
Ao que me lembre, na mitologia grega, o nome indica Poder e Destruição. Bem nomeado, Apophis foi descoberto e, desde seu anúncio no NYT, analisado por astrônomos de todo o mundo, definindo-se então como a maior ameaça a terra dentro de seus aproximados 3,5 bilhões de anos de existência. Ninguém nota algo monstruoso, desde que ele esteja fora do alcance de nossas vistas e seja menos do que um pontinho no céu. Já que está a muitos anos luz e você estará provavelmente morto, preocupe-se em saber quem venceu o jogo ou onde investirá seu dinheiro.
Uma escala de um a dez, considerando que 1, 2 e 3 significa 100% de probabilidade de atingir a terra, aponta Apophis ao sétimo nível. “É de se preocupar, e chama a atenção” dizem os cientistas. Da mesma forma que ele estava ao dez e foi pro sete, o que o impedirá de alcançar o nível um?
Observemos então essas miudezas que faturam milhões no castelinho da Daslu ou a última Ferrari, o que indica tanta grandeza! Enquanto lá do céu, pode estar correndo em direção a todas essas Ferraris, Lamborguinis ou Bugattis e todo mundo que usa algo da Daslu, uma peça de rocha que em, cinco segundos, faz desse luxo, o lixo. Lixo espacial. E então, valeu?
Valeu toda essa ambição por querer se igualar pra corroer, sugar e então ficar por cima? Valeu a Evolução Industrial? Valeu, termos um dia existido nesse pequeno ponto de um universo que ninguém sabe até onde vai? Valeu, Hitler, todos os Judeus enterrados pelo teu orgulho e prepotência? Dessa vida nem a bandeira da Alemanha conseguiu levar, quem dirá seu poder? Valeu viver?
Todos já sentiram o poder na bomba de Hiroshima e Nagazaki, imagine 5.000 vezes mais poderoso.
Qual é o nosso tamanho?
Talvez... eu acredito...
Talvez seja a hora de sabermos que as linhas que explicam nossa existência estão ao decorrer da leitura da natureza e suas cores. Das flores que casam com a neve, a beleza das ondas azuis e brancas que correm até a praia pra beijar a vida. A altura das montanhas que proporciona sensação de conquista ao homem, o próprio Homem, e sua beleza natural antes de ser atingida por seu cérebro mal intencionado. Talvez seja hora de acreditar no Apophis, mesmo que não passe de mais uma besteira da mídia.
Use isso, use nossas fraquezas e riscos, mesmo por brincadeira, para ter mais tempo para viver. Viver, do verbo Viver; não do vegetar.
Se acha que não teme a nada, engane a si mesmo de medos, por que eles nos são construtivos. Sinta medo de perder seu emprego, e trabalhe melhor. Medo de perder seu amor, se entregue intensamente. Medo da pobreza, ajuda aos que já foram alcançados por ela.
Medo de morrer, pra viver intensamente. Por que o erro do ser humano é sentir-se seguro demasiado, poderoso, Imortal.
Acreditei em cada palavra que eu ouvi e imagem que vi sobre esse assunto.
Se, dentro de nossas casas e vidinhas pacatas estamos sendo constantemente ameaçados, imagine a dimensão das ameaças que estariam nos vindo de um universo que se define Infinito.

Reflita.
Pelo mundo, pela vida. Também pela sua.

Paula Morais